HOMENAGEN À JAGUARÃO.

ALEGRIA DA FRONTEIRA

Minha bela Cidade Heróica, das portas majestosas.
Do rio que corre em minha alma....
Das manhãs, do sol e da calma, da bela, na janela.
Da fronteira sem cancela, do homem puro, contente.
Das águas cristalinas e correntes, das lendas e dos que partiram.

Daqueles que adotaram, Jaguarão como querência.
Porto da sapiência, cantar do acalanto, do Mario, Tereza do franco das galinhas do gênio Té.
Da fé no Cristo, na Santinha, daqueles que não tem fé.
Do amor da linda mulher, que se perdeu na enfermaria.
Da rua do amor, do carnaval da borboleta dos Boêmios da vermelha toda Estrela.
Sabem todos, ninguém aguenta, quem? Aguenta vai passar, a vinte sete, vai virar um mar de muitos Heróis.
O negrão, lá vem o gigante.
Tito Almirante, talvez Marechal.
Fedegosa majestosa.
Mestre Vado, da o sinal, não tem raça nem credo.

Os coronéis do passado, todos nós do presente, o mascarado enfeitado, em meio a tanta alegria.
Da casa veio a prata ou talvez da palestina.
O encanto da minha retina do carnaval que passou.

Ah! O Harmonia espera, o Jaguarense aguarda, sem Caixeral não a festa, o Suburbano quem diga, nem mesmo no Vinte Quatro, qualquer numero é ingrato diante a centenas na rua, dando amor a quem não tem.
O Adêm perdeu o trem, cadê a sombrinha azul? Ninguém falou, ninguém viu, uma Mocinha eterna, mostrou sua bandeira, na aquarela da fronteira, mais linda do Brasil.
O folião, fez as pazes com alegria, mostrando que um novo dia nasce na madrugada. Em quem senta na calçada, aparando o sereno.

Jaguarão que sempre um dia, a todos nos faz lembrar.
Quem fica, quer ver o mundo.
Quem parte, quer sempre voltar.....


Autor: Renato Jaguarão.

Acalanto – Conjunto folclórico Jaguarense da década de 80.
Mario Franco –Jaguarense conhecido, por sua habilidade com a bola, tornou-se folclórico, na Fronteira.

Tereza das galinhas – Inimiga dos políticos, ficou conhecida como a mulher corajosa, falando tudo que queria, sem medo dos “poderosos” da cidade, xingamento sempre foi à especialidade, da folclórica Jaguarense.

Té – Jaguarense, morador das proximidades do Passo das Pedras, ficou conhecido, pela tentativa de decolar com um avião feito de madeira, a
pista escolhida foi o telhado da sua própria casa.

Cristo – Imagem sacra que reverencia Jesus Cristo, foi erguida próximo à entrada para a Granja Bretanha.
Centenas de Fieis, deixam todos os anos, placas e flores, em agradecimento as graças alcançadas.

Santinha – Imagem da nossa Senhora, esta localizada próxima à antiga Charqueada, grande parte da população tem fé e admiração, pela santinha dos pobres, com é conhecida.

Enfermaria - Antiga Enfermaria Militar (Ruínas do Cerro da Pólvora). Construção em estilo neo-clássico 1880-83.
Foi doada ao Exército depois da construção.
Área com mais de 6.000 metros quadrados.
Data de Tombamento: 05/07/90. Nº Portaria: 08/90. Nº Livro: Tombo 59.
As ruínas, também, foram constantemente usadas, pelos namorados para momentos de paixão, nas décadas de 70 e 80.

Rua do Amor – Pequena ruela entre a Avenida 27 de Janeiro e a Rua General Osório.
lugar preferido dos amantes e apaixonados, para estacionarem seus carros, no entardecer dos domingos.

Borboleta – Antigo Bloco carnavalesco de Jaguarão, composto pela família do Sr. Santo Rodales, o Bloco tinha como símbolo maior a Borboleta, a esposa de Santo carregava longas asas, enquanto seu filhos e parentes, dançavam e davam ritmo ao bloco que encantava a avenida.


Boêmios – Bloco histórico da fronteira, com ritmo cadenciado, ao som de violões e pandeiro, o bloco se destaca pela presença marcante no carnaval, e costumeiro dizer, que o carnaval pode faltar porem boêmios nunca faltará.

Estrela – Escola de samba, tradicional da cidade, o vermelho e dourado elevam o brilho e a euforia da antiga escola de Samba, cujo, o nome completo é Estrela Dalva, daí o brilho e luminosidade, de seus integrantes.

Aguenta – Escola de samba, tradicional da fronteira, o azul e o prateado, marcam a guerreira escola, que com seu nome, faz um desafio, a seus adversários, do carnaval da cidade “Aguenta se puder”.

Vinte e Sete – Nome da avenida que homenageia a cidade de Jaguarão.
Nesta acontece os desfiles das escolas e blocos carnavalescos.

Negrão – Bloco da década de 80, ficou conhecido pelo boneco gigante, que pinoteava de um lado para o outro na avenida, fazendo as crianças delirarem em espanto e alegria.

Tito – Carnavalesco tradicional da cidade.
O engenheiro jaguarense, se tornou famoso no carnaval, por sua vestimenta, que se assemelha a de um Marechal, o amigo Tito também é conhecido como boêmio dos bons tempos, sempre disposto a um bom bate papo de bar.

Mestre Vado – Musico jaguarense, Sempre permaneceu na fronteira, animador dos bailes e das cortes de carnaval, Dr. Vado certamente é um dos músicos mais popular e respeitado da Fronteira, alem de fazer parte da historia do carnaval jaguarense.

Harmonia, Jaguerense, Caixeral, Vinte quatro e Suburbano – Clubes da cidade de Jaguarão, responsáveis, pelos belos bailes de clube, do Carnaval da cidade.

Adem – Famoso travesti Jaguarense, durante o ano lavava roupas para as família tradicionais da cidade, de onde provia seu sustento.
No carnaval, tornava-se atração turística, muitos vinham à fronteira, para ver o desfile, do tradicional Adem, com seu passos e malabarismo, com sua sombrinha azul..

Mocinha – Porta Bandeira famosíssima na cidade, capas de dar o título a escola em poucos minutos, sambista das melhores, conhecedora do carnaval e da avenida do samba, da Cidade Heróica, Mocinha é parte da historia do carnaval jaguarense.



FELIZ ANIVERSÁRIO JAGUARÃO...

Jaguarão

Os pica-paus que moravam na fronteira

Lenço vermelho não era um acessório bem-vindo na Jaguarão do século passado. A marca que diferenciava os maragatos de seus adversários pica-paus teve pouca penetração na cidade da fronteira sul, que sempre mostrou nítidas influências republicanas. Enquanto quase todos os municípios do Rio Grande ficaram divididos durante as revoluções gaúchas, os moradores mais tradicionais de Jaguarão construiram casas com detalhes inspirados nos símbolos legalistas. "Até hoje não existe uma rua que tenha nome de maragato", observa o advogado e jornalista Eduardo de Souza Soares, 52 anos.

Os primeiros flertes de Jaguarão com a causa republicana datam da Revolução Farroupilha. Entusiasmada com a conquista dos farrapos no combate do Seival, a Câmara Municipal, que durante o Império tinha o papel de Poder Executivo, decidiu aderir à República Rio-Grandense em 20 de setembro de 1836. O presidente da Casa e articulador da iniciativa pioneira na Província era Manoel Gonçalves da Silva, irmão do general Bento Gonçalves da Silva.

Menos de 15 anos depois, nasceu em Pelotas o homem que manteria Jaguarão fiel ao seu passado republicano. Neto materno de Manoel, o médico Carlos Barbosa Gonçalves importou de Paris as idéias de igualdade e liberdade, e passou a defender o fim da monarquia.

Não demorou muito para que os argumentos de Carlos Barbosa inflamassem os espíritos. Em 30 de julho de 1882, ele e mais 19 companheiros fundaram o Club Republicano. Dois anos mais tarde, a entidade adquiriu o jornal "A Ordem", para divulgar suas posições, e atacar o govemo do Rio e a família imperial.

Durante a visita da Princesa Isabel e do Conde D'Eu, em 1885, o genro de Dom Pedro ll, que passou de capitão francês a general brasileiro atropelando as graduações. Quando o nobre chegou a Jaguarão, "A Ordem" publicou: "Por ocasião do desembarque, o exmo. sr. Comendador Dr. Azevedo, na qualidade de presidente da Câmara Municipal, dirigiu-lhe um bem elaborado discurso, ao que Sua Alteza deixou de responder por não tê-lo ouvido, pois, como sabem os leitores, S.A. é surdo' "

Logo a ideologia republicana passou do papel para o concreto. Alguns seguidores começaram a ostentar símbolos como o barrete da República em residências construídas no centro de Jaguarão. O partido tomou corpo no município. Nas eleições de 1884, Carlos Barbosa conquistou uma vaga na Câmara. Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889 (reconhecida pela Câmara de Jaguarão somente oito dias depois), o estilingue político de Carlos Barbosa virou vidraça, mas nem por isso foi ameaçado.

Nas revoluções de 1893 e 1923, os maragatos sequer se aproximaram da cidade. Até os anos 40, os picapaus continuariam de topete em pé.

A cidade resiste ao cerco
A data de 27 de janeiro de 1865 talvez seja mais importante para os jaguarenses do que a fundação da Vila (6 de julho de 1832). Naquele dia, uma força composta por dois corpos da Guarda Nacional resistiu durante 48 horas a uma tentativa de invasão do território brasileiro por mais de 1,5 mil homens do exército uruguaio. Sitiada e em desvantagem bélica, a guarnição comandada pelo coronel Manoel Pereira Vargas acabou vencendo o inimigo no cansaço. O episódio rendeu ao município o título de "Cidade Heróica" e ao Brasil, a demarcação das fronteiras à margem esquerda do rio Jaguarão.

Nenhum general esperava por aquele ataque surpresa. A atenção dos militares brasileiros estava concentrada na tomada da cidade uruguaia de Paysandu. "Os blancos prepararam o cerco de Jaguarão para desviar a atenção de nossos exércitos", considera o advogado Eduardo de Souza Soares, 52 anos. Um relatório escrito pelo próprio coronel Vargas no dia 18 de maio de 1865 faz uma síntese dos acontecimentos. "No dia 19 de janeiro, recebi participações do movimento de forças crescidas dos blancos que se aprqximavam do Cerro Largo no Estado Oriental", noticiou o oficial.

Enviado pelo uruguaio Basilio Muñoz, o exército uruguaio era mais de três vezes superior aos 15º e 28º corpos de cavalaria da Guarda Nacional. "A nossa força era cerca de 500 homens, que tinham apenas 60 ou 70 clavinhas de fuzil", escreveu Vargas. Derrota na certa. Mesmo assim, o coronel tratou de preparar Jaguarão para o combate. Pouco depois das 9h do dia 17, o confronto teve início com vantagem para o lado blanco. "As balas do inimigo passavam além da nossa coluna, ao passo que as nossas pouco alcançavam as suas fileiras, devido à inferioridade do armamento", lamentou o oficial brasileiro. O comandante percebeu que o melhor ataque seria a defesa. Recuando para as trincheiras, a pequena força resistiu. Vargas recusou todas as propostas de rendição.

Com a ajuda dos vapores de guerra Apa e Cachoeira - ancorados no porto - o coronel e seus soldados viraram a noite na defesa da cidade. Na madrugada, os uruguaios estavam derrotados. "Na noite de 27 para 28, retirou-se o inimigo praticando toda a sorte de atentados", descreveu o coronel. Com apenas um morto e cinco feridos, a guarnição tinha evitado a invasão do Brasil.