presos ex-prefeito e vereadora do PT por participar de invasão

Nove pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) foram presas nesta terça-feira no município de Borebi (SP), acusadas de terem participado da invasão da fazenda Santo Henrique, da multinacional Sucocítrico Cutrale, no final do ano passado. Entre os detidos pela Polícia Cívil de Bauru, estão o ex-prefeito de Iaras (SP) Edilson Grangeiro Xavier (PT), a vereadora Rosimeire Pan D'Arco de Almeida Serpa (PT) e seu marido, Miguel da Luz Serpa.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança de São Paulo (SSP-SP), as prisões fazem parte da Operação Laranja deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Civil de Bauru em cumprimento aos 20 mandados de prisão temporária e aos 30 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça de Borebi. Até o momento, nove suspeitos foram presos, sete em cumprimento aos mandados e dois em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, sendo que uma das armas encontradas é de uso restrito.

De acordo com a SSP-SP, os suspeitos são acusados de formação de quadrilha, furto qualificado, dano qualificado e invasão de propriedade. No cumprimento dos mandados de busca e apreensão foram encontrados, até agora, seis armas de fogo, defensivos agrícolas, fertilizantes e ferramentas. Documentos e aparelhos eletrônicos também foram apreendidos pela Polícia Civil segundo informação da assessoria de imprensa da Secretaria.

O inquérito para investigar o caso da fazenda Santo Henrique foi aberto em outubro do ano passado, logo após a saída pacífica dos militantes do MST em 7 de outubro de 2009, onze dias depois de iniciada a ocupação. Os prejuízos da invasão, segundo divulgou a Cutrale na época do ocorrido, foi de mais de R$ 1 milhão. Além dos pés de laranja arrancados, os militantes do MST são acusados de destruir equipamentos da empresa, como tratores e arados.

Em nota divulgada nesta terça-feira em seu site, o MST disse que "os relatos vindos da região, bastante nervosos e apreensivos, apontam que os policiais além de cercarem casas e barracos, prenderem pessoas e promoverem o terror em algumas comunidades, também têm apreendido pertences pessoais de muitos militantes exigindo notas fiscais e outros documentos para forjar acusações de roubos e crimes afins".

Fazenda Santo Henrique
A área invadida pelo MST em 27 de outubro de 2009 possui mais de 2,7 mil hectares e faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 40 mil hectares espalhadas entre os municípios de Agudos, Águas de Santa Bárbara, Borebi, Iaras e Lençóis Paulista. De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), uma parte dessas terras foi comprada pela União e outra recebida pelo governo federal como pagamento de dívidas das companhias de Colonização São Paulo e Paraná. Segundo o Instituto, há um processo em tramitação na Justiça, desde 1997, que visa à desapropriação da fazenda para fins de reforma agrária.