Daniel Dantas US$ 50 milhões para o PT e outras histórias

Na primeira entrevista desde a prisão, em julho de 2008, Daniel Dantas diz que Delúbio Soares (PT) queria que o Opportunity pagasse dívidas da campanha de 2002 e conta como eram suas relações com altas autoridades Petistas.





EXCLUSIVO...........
Logo no início do governo do Partido dos Trabalhadores, o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares procurou o banqueiro Daniel Dantas para vender proteção política. Na primeira entrevista exclusiva desde sua prisão na Operação Satiagraha, em julho do ano passado, Dantas revelou à ISTOÉ na tarde da quinta-feira 23 que Delúbio queria que as empresas do grupo Opportunity pagassem US$ 50 milhões da dívida da campanha de 2002 do PT. Homem-bomba para muitos, Dantas é peça central das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e presença constante nas páginas policiais durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

A entrevista à ISTOÉ foi concedida por meio de videoconferência. Dantas estava na sede do grupo Opportunity no Rio de Janeiro, acompanhado de um de seus sócios, Dorio Ferman, de uma advogada e de uma assessora. A reportagem de ISTOÉ estava no escritório do grupo em São Paulo. O banqueiro se disse vítima de uma conspiração política e revelou suas relações - por ora próximas e muitas vezes conflituosas - com figuras proeminentes do poder, como os ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken e o ex-publicitário Marcos Valério de Souza, além de Delúbio

Entre as histórias que Dantas decidiu contar, a mais relevante foi sobre a sugestão do ex-tesoureiro petista. Segundo o dono do Opportunity, a proposta de Delúbio foi feita em conversa com Carlos Rodenburg, ex-marido da irmã de Daniel, Verônica Dantas. "Eram mais ou menos US$ 50 milhões", diz o banqueiro. Naquele momento, com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele estava ciente de que não era benquisto pelo governo - os fundos de pensão, de quem era sócio na empresa Brasil Telecom, mostravamse descontentes com a parceria, selada no governo Fernando Henrique Cardoso, e queriam assumir a gestão da empresa, até então a cargo do Opportunity.
De acordo com Dantas, a contrapartida que ele teria, se pagasse a dívida do PT, seria "o fim das hostilidades".



ISTOÉ - O Delúbio Soares fez essa proposta?

Dantas - Ele procurou meu sócio, Carlos Rodenburg, e disse isso. Eu fui ao Citi, porque muita gente achava que éramos intransigentes. Quando perceberam a dimensão da pretensão, me autorizaram a negar, porque feria a lei americana.

ISTOÉ - E qual era a dimensão?

Dantas - Eram uns US$ 50 milhões.

ISTOÉ - Isso foi documentado?

Dantas - Sim. Num e-mail, eu disse ao Mike Carpenter, executivo do Citi, que rejeitaria a proposta da agência de publicidade

ISTOÉ - Como o sr. se envolveu em tantos escândalos?

Dantas - Os interessados em criar a proeza me vinculam a qualquer escândalo. Por exemplo, o Mensalão. A ala do PT que me coloca como financiador é a que nega sua existência.

ISTOÉ - Mas uma de suas empresas, a Telemig Celular, contratou Marcos Valério.

Dantas - Na CPI dos Correios, falava-se em R$ 180 milhões. Comprovamos que tudo era publicidade. Agora, falam de um contrato de R$ 3 milhões.

ISTOÉ - Esses R$ 3 milhões tiveram finalidade política?

Dantas - Não. Mas surgiu uma proposta. Se pagássemos a dívida do PT, parava a perseguição.

ISTOÉ - Falava-se de um racha no governo. O exministro José Dirceu seria seu aliado e o ex-ministro Luiz Gushiken, seu inimigo. Foi assim?

Dantas -A primeira pessoa que me procurou e pediu que eu entregasse os direitos dos nossos investidores foi o ex-ministro José Dirceu. Numa reunião, ele pediu que eu conversasse com o Cássio Casseb [ex-presidente do Banco do Brasil]. Chamei a atenção de que o Casseb fôra conselheiro da Brasil Telecom indicado pela Telecom Italia e que talvez não tivesse isenção.

ISTOÉ - E como foi a reunião com o Casseb?

Dantas - Ele me deu um ultimato, dizendo para entregar o controle. Perguntei se tinha algo em troca, ele disse que não. Fui ao Citibank em Nova York, que mandou para cá o Mike Carpenter. Ele me reportou que diria ao ex-ministro que não toleraria expropriação. Depois, não houve pressão do Dirceu.

ISTOÉ - E pelo lado do Gushiken?

Dantas - Eu sentia que ele operava através de outros. Eu percebia que ele mandava nos fundos.

ISTOÉ - Mas o sr. contratou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que é amigo do ex-ministro Dirceu, por R$ 10 milhões.

Dantas - Uma das estratégias da empresa foi contratar advogados que eram da confiança do agressor para desfazer o mal-entendido

ISTOÉ - Mas é fácil confundir isso com lobby. O sr. contratou o Roberto Teixeira, amigo do presidente.

Dantas - Lobby é tentar obter vantagens. Se a autoridade está lhe perseguindo, não é lobby

ISTOÉ - O sr. está condenado a dez anos de prisão, em função de um suposto suborno. Qual é a sua versão?

Dantas - O que se tem é um vídeo editado, em que as vozes não correspondem às imagens. E eu não estava presente naquele encontro.

ISTOÉ - Mas estava ali seu braço direito, Humberto Braz, e depois foi encontrada a quantia de R$ 1 milhão na casa de Hugo Chicaroni.

Dantas - O dinheiro que foi apreendido na casa do Chicaroni não era nosso.

ISTOÉ - É razoável imaginar que seus inimigos botariam R$ 1 milhão na casa de alguém apenas com o intuito de lhe incriminar?

Dantas - A quantia pode parecer alta para a maioria dos mortais, mas é nada diante do que foi gasto na disputa societária da Brasil Telecom. E tem coisas estranhas em relação ao dinheiro. Ele foi depositado sem que houvesse o registro das notas. Se não tivesse sido depositado, seria possível rastrear a origem.

ISTOÉ - Quem poderia plantar essa prova?

Dantas - Fundos de pensão, Citibank, Brasil Telecom, Angra Partners.

ISTOÉ - E por que o juiz Fausto De Sanctis acreditou na qualidade da prova?

Dantas - Talvez por imaginar que a polícia teria fé pública. O juiz autorizou a ação controlada que culminou naquela cena em maio de 2008. Um mês antes, recebemos um e-mail de um jornalista italiano chamado Gerson Gennaro, que havia entrevistado Luís Demarco [ex-funcionário do Opportunity e inimigo de Dantas], já nos perguntando sobre uma orquestração. Estavam plantando uma cilada.

ISTOÉ - E por que Humberto foi ao encontro?

Dantas - Ele fi cou assustado, porque duas pessoas da Abin, armadas, seguiram seu fi lho. O que todos queríamos era só saber o que estava acontecendo

ISTOÉ - Se havia um grande acordo para a criação da supertele, quem estaria insatisfeito?

Dantas - Estávamos saindo da telefonia para fi car livres disso. Neste momento, um advogado da Brasil Telecom nos disse que estava tendo difi culdades em encerrar contratos com outros advogados contratados para promover esse tipo de iniciativa.

ISTOÉ - O sr. desconfi a de que a Brasil Telecom patrocinou a Operação Satiagraha?

Dantas - Eu tenho informações nesse sentido. Isso também envolvia outras duas pessoas, o Luís Demarco e o Paulo Marinho [consultor de empresas]. Anos atrás, o Paulo Marinho recomendou aos nossos adversários que partissem para um jogo abaixo da cintura, porque eu não estaria preparado para isso.

ISTOÉ - De fora, supõe-se que todos os lados jogavam abaixo da cintura.

Dantas - Nunca tive qualquer relação com a polícia.

ISTOÉ - Mas e a Kroll?

Dantas - Se você chamar a Kroll de empresa de espionagem, isso acomoda a versão. Se você considerar a Kroll uma empresa de investigação, não. A Kroll era percebida como uma empresa legítima quando rastreou o dinheiro do PC Farias.

ISTOÉ - Marinho e Demarco foram do Opportunity. Saíram com mágoa?

Datas - Os dois saíram e se encontraram por caminhos separados. Quando a PF entrou na história, sempre um esteve envolvido. E quem se dizia movido por ideologia ou razões afetivas logo surgiu na folha de pagamento de alguém.

ISTOÉ - Seu raciocínio pressupõe que a PF está à venda.

Dantas - Pressupõe que nem todos os agentes públicos são corretos. A própria distensão na PF em relação à Satiagraha, que foi feita pela Abin, sugere isso.

ISTOÉ - Seu raciocínio pressupõe que a PF está à venda.

Dantas - Pressupõe que nem todos os agentes públicos são corretos. A própria distensão na PF em relação à Satiagraha, que foi feita pela Abin, sugere isso.

ISTOÉ - O sr. achava que poderia enfrentar um governo?

Dantas - Nunca pensei que iriam colocar PF, Abin, Exército, Marinha e Aeronáutica contra mim. Não imaginei que fosse ser visto como alguém tão perigoso.

ISTOÉ - Quais foram os seus erros?

Dantas - Erro um: participar da privatização sem estar preparado para a agenda política que estava contida nele. Erro dois: confi ar no Citi.

ISTOÉ - Por que não recuou mais cedo?
Dantas - Eu recuei duas vezes. Quando a PF fez a Operação Chacal, eu recuei e vendi o controle da Brasil Telecom para a Telecom Italia. Só não sabia que os fundos de pensão tinham uma agenda oculta e estavam alinhados com a Oi. Em 2008, decidimos sair pela segunda vez, vendendo nossa posição para a Oi, porque o plano do governo era a supertele. Na verdade, pensamos até em fi car. Se o plano era criar uma grande empresa nacional, eu disse: "Bom, eu também sou nacional." Mas me disseram que eu não podia fi car e eu saí.

ISTOÉ - Quem lhe deu essa informação?

Dantas - O Luiz Eduardo Greenhalgh.

ISTOÉ - Ele lhe trazia uma informação palaciana?
Dantas - Bastava ler os jornais. Muito embora dissessem que eu fi nanciava o Mensalão, nunca vi alguém dizer que eu seria o predileto do governo.

ISTOÉ - Greenhalgh tem sido apontado como lobista, não advogado. Por que foi contratado?

Dantas - Foi contratado como advogado. E eu fi - quei com a impressão de que a presença dele daria tranquilidade ao governo. Muita gente dizia que sabotávamos a supertele. E o Greenhalgh deu uma ideia que funcionou: abrimos mão da cláusula de confi dencialidade. A partir daí, a operação saiu.

ISTOÉ - Quem sabotava?

Dantas - A minha sensação é de que nem os fundos de pensão nem a antiga administração da Brasil Telecom queriam a operação

ISTOÉ - Nesta semana, o juiz Fausto De Sanctis mandou abrir inquérito para investigar a supertele. Esse pode ser o real objetivo da Satiagraha?

Dantas - Não sei. O que sei é que não cometemos crime nenhum e que fomos investigados durante sete anos a partir de uma situação esdrúxula. A Satiagraha é fruto da Operação Chacal, que nasceu a partir do que a PF disse ser um CD anônimo. Na Itália, já se sabe que esse CD foi produzido, adulterado e entregue à polícia pela Telecom Italia. A maior mobilização policial do País parte de uma fraude

ISTOÉ - O sr. se coloca como vítima de um Estado arbitrário, mas também é acusado de ter tido um Estado a seu favor, no governo FHC. O sr. seria um símbolo da chamada "privataria"?

Dantas - A tentativa de tomada de controle começou no governo FHC. Não tive privilégio.

ISTOÉ - Não houve um encontro reservado no Palácio da Alvorada em que o sr. pediu a cabeça dos dirigentes dos fundos de pensão?

Dantas - Não. Algumas pessoas do PSDB tinham uma preocupação com nossos eventuais vínculos com o PFL. E eu também disse que isso não existia.

ISTOÉ - O juiz Fausto determinou a liquidação de um fundo do Opportunity e o sequestro de 27 fazendas. Como o sr. recebe essas decisões?

Dantas - É uma algema econômica.

ISTOÉ - De onde veio o dinheiro das fazendas?

Dantas - Somos uma empresa de investimentos. Temos recursos nossos e de investidores.

ISTOÉ - Por que o sr. decidiu falar?

Dantas - Na Satiagraha, li um pronunciamento estranho do ministro Tarso Genro. Ele disse que eu teria dificuldades em provar inocência. Depois, o Protógenes disse que a Satiagraha era missão presidencial. Se fosse presidencial, eu teria que tomar um caminho. Se não, era outro. Nesta semana, ficou claro que não era o presidente da República.

ISTOÉ - Por quê?

Dantas - Primeiro, por conta da decisão de se abrir um inquérito contra a supertele. Se o presidente fosse contra, não precisava da Satiagraha. Bastava não mudar a lei. Além disso, ouvi o discurso do presidente na posse do novo procurador- geral da República [Roberto Gurgel], em que ele critica essa condenação prévia sem direito à Justiça. O presidente Lula, portanto, segue um padrão democrático. Então, o que aconteceu recebe influências de facções do governo.

ISTOÉ - Por quê?

Dantas - Primeiro, por conta da decisão de se abrir um inquérito contra a supertele. Se o presidente fosse contra, não precisava da Satiagraha. Bastava não mudar a lei. Além disso, ouvi o discurso do presidente na posse do novo procurador- geral da República [Roberto Gurgel], em que ele critica essa condenação prévia sem direito à Justiça. O presidente Lula, portanto, segue um padrão democrático. Então, o que aconteceu recebe influências de facções do governo.
ISTOÉ - A principal seria do ex-ministro Luiz Gushiken?

Dantas - Talvez haja um maestro. Gushiken (PT) é um maestro provável.


Fonte: ISTO É

Bolsa Família beneficia estrangeiros...


Maior programa social brasileiro, o Bolsa Família encontrou espaço para incorporar a seus beneficiários imigrantes de países vizinhos. Um levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social mostra que 6.032 estrangeiros estão hoje no cadastro do programa. Entre as famílias beneficiadas, 1.313 são chefiadas por estrangeiros. Comparado ao total de famílias beneficiadas pelo programa, 11,2 milhões, o número de estrangeiros é ínfimo. Eles representam 0,04% do total de pessoas beneficiadas, 0,01% do total de famílias atendidas. Há casos de mulheres ou homens estrangeiros casados com brasileiros, que entram na conta, ou brasileiros que tenham parentes imigrados. "Não há nenhum impedimento. Para ser beneficiário do programa o responsável legal precisa ter um documento brasileiro válido, que pode ser um título de eleitor ou um CPF", explica a diretora do Cadastro Único dos programas sociais do MDS, Letícia Bartholo. Quando legalizados, os imigrantes recebem um CPF como qualquer brasileiro. O atendimento dessas pessoas, portanto, não é irregular de acordo com a legislação do Bolsa Família. Como imigrantes legais eles possuem os mesmos direitos dos brasileiros. Há, inclusive, a possibilidade do número de atendidos aumentar: no início deste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que anistia imigrantes irregulares que tenham entrado no Brasil até fevereiro deste ano. A expectativa é que pelo menos 50 mil pessoas regularizem sua situação - é claro que apenas uma pequena parte provavelmente estaria dentro dos requisitos para se candidatar ao Bolsa Família, mas o programa, que também será aumentado até a metade do ano que vem, poderá incluir novos legalizados até lá. Apesar de não haver um levantamento detalhado, sabe-se que a maioria dos imigrantes beneficiados no programa são bolivianos e paraguaios que vêm para o Brasil a procura de trabalho, mas não conseguem sair do nível de subsistência.

A cidade campeã é Foz do Iguaçu, que está na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. No entanto, São Paulo é o segundo município que concentra mais imigrantes cadastrados no programa. São 100 famílias imigrantes e mais 154 em que pelo menos um dos membros é estrangeiro. A seguir vem o Rio de Janeiro, com 59 famílias de estrangeiros beneficiadas. No entanto, a maior parte das cidades em que imigrantes estão registrados no programa são mesmo cidades de fronteira ou próximas a elas, como Santana do Livramento e Jaguarão, no Rio Grande do Sul.

O MDS, responsável pelo programa, garante que não identificou até agora casos de fraudes - bolivianos e paraguaios que conseguiriam endereços e documentos falsos para serem cadastrados e receberem o benefício - mas essa é uma hipótese que chegou a ser levantada em municípios da fronteira. Um dos problemas identificados pelo ministério é a dificuldade que alguns municípios de fronteira estão tendo para acompanhar as contrapartidas de famílias estrangeiras, especialmente a frequência escolar. Apesar de morarem no Brasil, muitas têm seus filhos estudam do lado de lá da fronteira e, como as escolas não fazem parte do sistema brasileiro, não informam a frequência à prefeitura.


(informações da Agência Estado)

ZÉ DIRCEU "O RETORNO"

Escalado para ajudar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na campanha ao Palácio do Planalto, em 2010, o deputado cassado José Dirceu deverá retornar formalmente à direção do PT. Seu nome compõe a chapa da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), grupo que inscreverá hoje a candidatura do presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, ao comando do partido. Nos bastidores da política desde o escândalo do mensalão, em 2005, o ex-poderoso chefe da Casa Civil do governo Lula trabalha atualmente para apaziguar disputas entre o PT e o PMDB, construir palanques para Dilma nos Estados e defender o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acusado de empregar parentes e favorecer amigos por meio de atos secretos na Casa.
A inscrição das chapas que disputarão em novembro a eleição direta para a presidência do PT termina hoje e é considerada estratégica porque o vencedor vai dirigir a campanha de Dilma, em 2010. Cinco candidatos
concorrem à cadeira que já foi de Dirceu entre 1995 e 2002: além de Dutra, estão no páreo os deputados José Eduardo Martins Cardozo (SP) - secretário-geral do PT -, Geraldo Magela (DF), Iriny Lopes (ES) e o integrante do Diretório Nacional Markus Sokol.
O retorno de Dirceu à cúpula do PT passará pelo teste das urnas - já que a eleição na seara petista tem voto dos filiados -, mas a volta oficial é dada como certa porque a chapa do antigo Campo Majoritário, grupo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desponta como favorita. "São Paulo e vários Estados indicaram José Dirceu para a chapa porque reconhecem sua importância para o PT", contou Francisco Rocha, coordenador
da CNB. "Ele está na nossa chapa, sim, e com muito gosto", completou o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi. "Se alguém falar alguma coisa, vamos enfrentar o debate."
A estimativa da corrente de Lula e Dirceu é que Dutra tenha cerca de 52% dos votos. Mas pode haver segundo turno com Cardozo, candidato do grupo Mensagem ao Partido, que é apoiado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, desafeto de Dirceu. A rivalidade entre os dois veio à tona no rastro da crise do mensalão, em 2005, quando Tarso, então presidente interino do PT, exigiu que o colega - apontado depois pela Procuradoria-Geral da República como chefe da "quadrilha" do mensalão - saísse da chapa que disputaria o comando petista. Dirceu não saiu e Tarso retirou sua candidatura.