Lula encontrará hoje Kadafi e Ahmadinejad

A viagem à Líbia tem como propósito comemorar os avanços nas relações comerciais entre o Brasil e os países muçulmanos, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ingressará hoje em um campo minado da política internacional.Cercado de ditadores, como o presidente da Líbia, Muamar Kadafi, e de líderes políticos cuja legitimidade foi posta sob suspeita pela comunidade internacional, como o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o brasileiro será o convidado de honra de um evento polêmico, do qual o governo não quer saber nem da pauta.O encontro de Sirte está marcado pela profusão de ditadores entre os 53 chefes de Estado e de governo do continente, incluindo o presidente do Sudão, Omar Al Bachir, desde março alvo de um mandado de prisão internacional por crimes contra a humanidade. O constrangimento aumentou ontem, quando o presidente iraniano confirmou presença no evento. Ahmadinejad se juntará a Lula e ao primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, como “convidado de honra” do encontro. Lula disse não se importar com a presença de líderes controversos ao seu lado:– Quando você é convidado, não pergunta quem são os outros convidados. Você vai. Aceitei sem perguntar quem vinha.
Fonte: Zero Hora

Sarney fica refém do PT e do PMDB



A continuidade do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no cargo está basicamente nas mãos de dois partidos: além do próprio PMDB, o PT pode ser o fiel da balança. Os líderes petistas vão conversar com o senador hoje.Ontem foi o dia mais duro para Sarney desde que a crise teve início. Ainda à tarde, a bancada do PSDB referendou o pedido para que o presidente do Senado se licencie temporariamente do cargo.O líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), voltou a subir na tribuna do plenário e disse que Sarney precisa se afastar para desfazer a “central de chantagem” na qual teria se transformado o Senado. Segundo Virgílio, a permanência de Sarney no comando é inviável e desgasta toda a instituição. O DEM e o PDT também se voltaram contra o presidente do Senado.À noite, Sarney se reuniu com seu principal apoiador, o ex-presidente da Casa Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dois aguardavam o resultado da reunião do PT, que analisaria a possibilidade de seguir apoiando Sarney na presidência. O resultado do encontro descontentou o presidente: enquanto Sarney esperava apoio incondicional dos petistas, integrantes do partido preferiram esperar por uma conversa com ele, marcada para hoje de manhã, para definir posicionamento.Na teia de processos contra o presidente do Senado no Conselho de Ética, Calheiros acabou sendo incluído ontem na representação aberta pelo PSOL por quebra de decoro parlamentar.
Fonte: Zero Hora

Uma geração sem susto nos preços



Com 15 anos comemorados há pouco mais de 20 dias, a gaúcha Rachel Russowsky faz parte da primeira geração de brasileiros que chega à adolescência conhecendo a inflação apenas das histórias contadas pelos mais velhos. Palavras como indexação, overnight e remarcação foram praticamente banidas do dia a dia do país a partir do lançamento do Plano Real, que completa seu 15º aniversário hoje.Oprograma de estabilização que deu ao Brasil uma nova moeda, o real, e devolveu aos seus cidadãos a capacidade de avaliar bens e serviços e de planejar seu orçamento a longo prazo, nasceu por meio de uma medida provisória composta de 58 medidas. Dois anos antes do lançamento do plano, o Brasil era um dos quatro países, junto com Rússia, Ucrânia e Zaire, a registrar inflação superior a 1.000% ao ano. A economia era, como imagina Rachel, uma grande confusão.– Meu pai tinha loja, e era muito estranho porque as etiquetas tinham apenas um código. Para saber o preço de algum produto, era preciso olhar o valor correspondente em uma tabela – conta a jovem estudante do primeiro ano do Ensino Médio.A mãe de Rachel, Andréa, é dentista e empresária e tem muito presente o que mudou na sua rotina pessoal e profissional nos últimos 15 anos.– Houve uma grande mudança tanto na minha vida profissional quanto pessoal. Antes, os números não representavam a realidade da empresa. Agora, é muito mais fácil administrar e planejar. Também dá para fazer compras de longo prazo porque a economia está mais estável. E as compras de supermercado são semanais, não precisa mais fazer rancho para todo o mês – descreve Andréa, que também é mãe de Rafael, de 11 anos.Política de juro alto é efeito colateral, diz economistaA estabilização que a população confere dia a dia é a maior conquista do plano também para especialistas.– O grande êxito foi debelar um processo crônico e crescente que ocorria desde os anos 1980 e que já havia frustrado outros planos de estabilização – afirma Fernando Ferrari Filho, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Para o economista, entretanto, o receio de que a inflação pudesse ressurgir deu margem a uma política conservadora, com juros elevados, que provocou, como efeito colateral, um baixo crescimento do país nesta última década e meia.
Fonte: Zero Hora