Estados freiam noivado entre PT e PMDB

União dos partidos em nome da candidatura de Dilma à Presidência é duvidosa ou impraticável em alguns cenários regionais

Embora tenha avançado para um noivado na noite de terça, o relacionamento entre PT e PMDB em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência não é à prova de traições. O histórico peemedebista não inspira confiança, e os cenários regionais para as eleições de 2010 refletem a falta de lealdade do partido.

Em vários Estados, o casamento com o PT é impensável ou, no mínimo, complicado (veja no quadro ao lado). Em Pernambuco, por exemplo, o maior líder peemedebista, o senador Jarbas Vasconcelos, apoia o governador paulista José Serra (PSDB). A ausência de afinidade se repete no Rio Grande do Sul, onde PT e PMDB devem embarcar numa disputa acirrada pelo Palácio Piratini. O líder da bancada do PT na Assembleia, Elvino Bohn Gass, afirma que não há condições mínimas de reproduzir a união no Estado:

– Essa aliança é importante para a continuidade do projeto de Lula. O Brasil não pode retroceder. Mas aqui o PMDB sustenta o governo Yeda.

Os peemedebistas, por sua vez, também rejeitam a aproximação. Em relação ao plano nacional, os gaúchos liderados pelo senador Pedro Simon defendem candidatura própria, dizem que o acordo pró-Dilma não teve participação das bases e lamentam a falta de unidade. O problema é que eles próprios já pularam a cerca. Em 1994, apoiaram Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em detrimento de Orestes Quércia, nome oficial do partido.

– Depois que Quércia saiu do governo de São Paulo, apareceu um bolo de escândalos. Nosso candidato era Antônio Britto, mas ele ficou com medo de perder na convenção e preferiu concorrer a governador. Quércia exigiu a candidatura e depois levou aquela surra na campanha – explica Simon.

Foi a última vez que o PMDB teve candidato a presidente. Depois, a regra foi escolher um par de ocasião. Em 1998, os peemedebistas estavam no palanque da reeleição de FH e, em 2002, indicaram a deputada Rita Camata (ES) como vice de José Serra (PSDB). Em 2004, o PMDB já estava de novo abraçado ao poder, em ministérios de Lula. Em 2006, o voo do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (hoje no PR) foi abortado antes mesmo da decolagem (leia mais na página 10).

É por isso que as intenções da cúpula do PMDB geram dúvidas hoje. O deputado federal Eliseu Padilha diz que o comando do PMDB está só sinalizando ao PT que precisa de ajuda para tornar a aliança palatável nos Estados. Outro líder peemedebista, observador dos movimentos nacionais da legenda há 30 anos, ressalta que a aliança é com Lula e não com Dilma:

– É só prestar atenção nas palavras deles. Esse grupo do PMDB sempre fala em compromisso com o presidente. Se a Dilma não decolar, eles vão deixá-la para trás.

ZERO HORA

"Michel Temer não fala pelo PMDB", Afirmou Quércia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu às direções do PT e do PMDB que enquadrem as seções estaduais dos dois partidos, com o objetivo de garantir uma ampla rede de apoio em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto em 2010. O pedido de Lula foi feito durante jantar que selou a aliança entre os dois partidos, na terça-feira, em Brasília.

"Como eu vou fazer campanha em dois ou três palanques?", perguntou o presidente, segundo relato de participantes do jantar. Lula lembrou a trajetória do PT para argumentar que muitas vezes um partido somente se consolida nacionalmente entrando em confronto com posições de diretórios estaduais, que desejam lançar candidatura própria para "marcar posição".

Anunciada como "pré-compromisso" em uma nota de quatro itens, a aliança entre PT e PMDB para a campanha de Dilma enfrenta resistências em vários Estados. Motivo: nenhum dos dois partidos quer desistir de lançar chapa aos governos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Rio e Distrito Federal.

"A nossa obsessão, agora, é unir o PT e o PMDB nesses Estados", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "Só não vamos conversar com os diretórios de São Paulo e de Pernambuco, que são contra o governo Lula, e não apenas contra a aliança com Dilma".

Nem mesmo a garantia de que o PMDB terá a vaga de vice na chapa petista - e a promessa de mais cargos em um eventual novo governo do PT - animou os peemedebistas contrários ao acordo. Presidente do PMDB paulista, o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, disse que a aliança fechada no jantar com Lula e Dilma não passa pelo crivo da convenção nacional do partido, em junho de 2010.

"Michel Temer não fala pelo PMDB", reagiu Quércia, numa referência ao presidente da Câmara, cotado para ser vice de Dilma. "As coisas estão de tal ordem no PMDB que vamos levar para a convenção o nome do Serra e essa indicação vai disputar com a de Dilma. Fizeram uma composição precipitada, mas não têm maioria para aprovar isso na convenção", emendou Quércia, que apoia a candidatura do governador José Serra (PSDB) ao Planalto.

A nota pública que expressa a parceria diz que os dois partidos compartilharão, "em conjunto com as demais agremiações", a coordenação de campanha e a elaboração do programa de governo. "Com esse escopo, PMDB e PT levarão este pré-compromisso às suas instâncias partidárias, construindo soluções conjuntas para as alianças regionais", diz o texto.

AÉCIO

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), minimizou a formalização da aliança nacional do PMDB com o PT, formalizada em jantar anteontem com a cúpula dos dois partidos, e deixou clara a estratégia tucana de intensificar as negociações nos Estados, a fim de atrair o maior número possível de peemedebistas dissidentes. "Acredito que vão prevalecer as alianças regionais. Em muitos Estados, a aproximação do PMDB é maior conosco que com o PT", disse o governador na manhã de hoje (21).

Aécio lembrou que a "valorização dos interesses regionais deu ao PMDB bancadas muito sólidas na Câmara e no Senado, o que dá ao partido importância estratégica muito grande no quadro eleitoral". O governador citou o Rio Grande do Sul como exemplo de Estado em que PSDB e PMDB estão próximos. É intenção dos tucanos apoiar a candidatura do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, ou do ex-governador Germano Rigotto.

Católica disponibiliza 27 cursos no próximo Vestibular

O Vestibular de Verão 2010 da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) traz aos candidatos 27 opções de cursos de graduação nas mais diversas áreas do conhecimento. Ao todo, são 1.250 vagas oferecidas. O Vestibular ocorre no dia 29 de novembro e as inscrições podem ser efetuadas até dia 25 do mesmo mês. Os cursos oferecidos são Administração (para Pelotas e Santa Vitória do Palmar), Arquitetura e Urbanismo, Ciências Biológicas – licenciatura, Ciência da Computação, Ciências Contábeis, Comunicação Social – Hab.
Jornalismo, Comunicação Social – Hab. Publicidade e Propaganda, Direito, Ecologia, Economia, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Elétrica/Eletrônica, Farmácia, Filosofia, Fisioterapia, Letras – Hab.
Português/Inglês – licenciatura, Medicina, Pedagogia – licenciatura, Psicologia, Serviço Social, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Tecnologia em Gestão de Turismo, Tecnologia em Design de Moda, Tecnologia em Gestão Hospitalar e Tecnologia em Produção Fonográfica.


As inscrições podem ser feitas pelo site www.ucpel.tche.br/vestibular. O investimento é de R$ 50,00. Informações pelo telefone (53) 2128- 8269.

Palocci diz que só soube do mensalão pelos jornais

Ex-ministro da Fazenda depôs como testemunha de defesa do presidente do PTB, Roberto Jefferson

O deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci disse hoje em depoimento à Justiça Federal que só teve conhecimento do suposto esquema do mensalão pelos jornais. Palocci depôs como testemunha de defesa do presidente do PTB, Roberto Jefferson, no processo que está no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em depoimento à juíza Pollyana Kelly Martins Alves, da 12º Vara Federal do Distrito Federal, Palocci disse não conhecer pessoalmente o empresário Marcos Valério, que seria um dos operadores do suposto esquema de financiamento de políticos.

O deputado afirmou que não teve conhecimento do suposto pagamento a parlamentares para votar a favor do governo em projetos que estavam em discussão no Congresso. Sobre o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, Palocci declarou que conhece Dirceu há cerca de 29 anos, tem um bom conceito dele e que ele não interferia em questões do PT no período quando ocupava o cargo na Casa Civil da Presidência da República.

Segundo Palocci, as reuniões que ocorriam na Casa Civil e nas casas oficiais da Câmara e do Senado para tratar de projetos de interesse do governo eram assuntos públicos e que eram acompanhados pela imprensa. Ontem, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, também afirmou que não tinha conhecimento sobre o caso até que ele ganhasse as manchetes dos jornais.