Gravações da PF apontam genro de Lula negociando recebimento de propina, aponta revista
Genro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marcelo Sato foi flagrado pela Polícia Federal (PF) negociando o recebimento de R$ 10 mil de um empresário suspeito de formação de quadrilha, estelionato e corrupção. Ele é casado com Lurian, filha mais velha de Lula.
Na edição que chega às bancas neste final de semana, a revista Veja diz ter tido acesso a relatórios policiais reservados da chamada Operação Influenza. Durante dois anos, a corporação monitorou as atividades de uma quadrilha de empresários de Santa Catarina e de São Paulo apontados como responsáveis por desfalques milionários contra cofres públicos.
Conforme as investigações, o genro do presidente seria lobista do grupo. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostram que Marcelo Sato mantinha relações estreitas com o empresário João Quimio Nojiri, preso em junho de 2008. Nojiri seria quem determinava quais missões o genro deveria cumprir dentro do governo. De acordo com a Veja, a polícia gravou em 21 de maio do ano passado uma conversa entre o empresário e um amigo de Lurian, identificado apenas como Guilherme. Nojiri conta que recebeu uma mensagem da filha do presidente, que estaria passando por dificuldades financeiras. O empresário, então, mandou depositar R$ 10 mil para Lurian na conta-corrente de Marcelo Sato.
Em entrevista à revista, Lurian negou ter pedido dinheiro ao empresário Nojiri:
— Não conheço esse homem. Nunca ouvi falar dele e não sei de dinheiro nenhum — garantiu ela.
Marcelo Sato, porém, admitiu à publicação a proximidade com o empresário, com quem teria uma amizade de 10 anos. Segundo ele, o dinheiro seria fruto de um empréstimo pessoal feito por Nojiri e que já teria sido pago. À Veja, o empresário confirmou o vínculo com a família Sato, mas não se recorda nem da doação, nem do empréstimo, nem do pagamento do empréstimo.
Conforme a Veja, as investigações apontam que o marido de Lurian agenda almoços, reuniões e audiências em Brasília com políticos graúdos. Ele contaria com o apoio do deputado federal Décio Lima (PT-SC). Em 14 de fevereiro de 2008, Sato disse que levaria Nojiri para uma conversa com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, tão logo encerrasse a agenda oficial do dia. A Presidência da República, no entanto, informou à revista que não há registro do encontro.