ÚLTIMAS DO JAGUAR!!!

@ Mateus Bandeira nos detalhou os quatro projetos que devem ser votados na Assembleia. A Federasul está convencida de que os projetos precisam ser aprovados para reduzir as distorções. Os gastos estão crescendo e não é possível manter o desequilíbrio entre os Três Poderes. As despesas de custeio aumentaram fora da realidade. José Paulo Cairoli, presidente. 

@ O projeto de revisão do Plano Diretor aprovado na Câmara é insuficiente para a Porto Alegre do futuro, com sustentabilidade, como queremos. Engº Comassetto, vereador/PT.

@ Não sei se sou ingênuo ou otimista demais, mas acredito no diálogo. Espero que aconteça o melhor, que o Irã desative suas armas, que os EUA e a Rússia também. Só podemos pedir para os outros não terem se a gente também não tiver. Presidente Lula, na Alemanha.

@Uma das funções do vereador é fiscalizar os atos do Executivo. É isso que estamos fazendo. Carlos Todeschini, vereador/PT.

@ Creio na criação de dois milhões de empregos em 2010. Carlos Lupi, do Trabalho.


@ Essa coisa de tomarem as casas das pessoas da Vila Mayer só pode ser coisa do Renato Jaguarão. Militante do PT em comentário para o Blog du Jaguar.

@ Fica difícil se defender de acusações das quais não se sabe o inteiro teor, como ocorre no Dmae, mas está sendo divulgado. Pedimos ao Tribunal de Contas e ao MP que examinem as 14 licitações que foram realizadas. Clóvis Magalhães, secretário.

@ Já estou acostumado com essas acusações, no episodio dos Sem Terras eles falaram que eu que tinha levado o MST para Jaguarão. Quando eles tem um problema gerado por incompetência sempre falam que eu sou o responsável.. .Renato Jaguarão falando sobre as acusações do militante do PT no caso da Vila Mayer 

@ Queria poder ligar para o presidente Lula hoje. Vamos procurá-lo quantas vezes for necessário para conseguir que nos entenda e nos compreenda. Porfirio Lobo, presidente eleito de Honduras.

@ Não, não e não. Não quero falar com os golpistas de Honduras. Presidente Lula.

@ O governo anterior foi informado e não fez nada. Prefeito falando do caso da Vila Mayer, em entrevista na rádio do Uruguai.

@ Os EUA abandonaram a posição democrática e estão reconhecendo o regime de fato, porque estão fazendo negócios políticos com eles. É um erro muito grande. Manuel Zelaya, presidente deposto. 

@ Espero que ninguém esteja chateado por Chicago não ter sido escolhida sede da Olimpíada de 2016. Chicago mandou Oprah e Michelle Obama, a primeira-dama dos EUA, e o Rio mandou 50 strippers e meio quilo de pó. Não foi muito justo. Robim Williams, ator.


@ Meu Deus! Estão cortando as árvores da nossa praça, são centenárias, alguem tem que fazer alguma coisa!!! Senhora apavorada com o corte das árvores centenárias da praça de Jaguarão. 

@ Não posso dizer se serei candidato a Prefeito nas próximas eleições, pois isso não sou eu quem decido e sim o povo de Jaguarão, o que posso dizer hoje é que sou pré candidato a Deputado pela Região Sul. Renato Jaguarão em entrevista a Rádio Liberdade.

Mais de mil eleitores fazem recadastramento biométrico em Canoas

Já se recadastraram 34 mil dos cerca de 240 mil cidadãos que compõem o eleitorado canoense


Cerca de 1,3 mil eleitores fizeram hoje o recadastramento biométrico em Canoas. Ao todo, já se recadastraram 34 mil dos cerca de 240 mil cidadãos que compõem o eleitorado canoense, para quem o recadastramento biométrico é obrigatório. Quem não se recadastrar terá seu título cancelado.


O telhado de vidro



Os recentes acontecimentos acompanhados pelo País mostrando imagens, praticamente irrefutáveis, de dinheiro na meia, na cueca (mais uma vez) e dentro de caixas novamente nos colocam diante de um espelho para nossa própria vergonha. Revelou-se mais um esquema de mensalão, dessa vez ocorrendo no Distrito Federal, mais uma vez em Brasília.
Dessa vez tudo indica que era gerenciado pelo governador José Roberto Arruda, o mesmo que em 2001 participou da quebra de sigilo de uma votação que cassou o então senador Luiz Estevão. José Roberto Arruda teve de renunciar ao cargo, assim como seu parceiro, o falecido senador Antônio Carlos Magalhães. Anos se passaram, muita água rolou debaixo da ponte e José Roberto Arruda voltou como governador do Distrito Federal.
Esses episódios todos, além de me impressionarem pelas imagens, como todos ficaram, também me impressionaram por outras atitudes, vindas de posições sociais que se mostraram no mínimo curiosas. Foi o caso da OAB, da CNBB e de alguns movimentos sociais que, diante das imagens e do escândalo, pularam na frente pedindo apuração dos fatos e a renúncia do governador, fato que não ocorreu durante o mensalão do presidente Lula.
E, falando em presidente Lula, também me chamou a atenção a sua declaração suave sobre o tema. Mais do que vacinado, fez uma declaração dizendo que as imagens “não falam por si” e pediu para aguardar a investigação da Polícia Federal. Da mesma forma, muitos partidos, que antes esbravejavam diante de uma situação como essa, se encontram acanhados e silenciosos se comparados com o seu passado.
Esses fatos todos deveriam nos preocupar muito, não apenas porque é o DEM (Distrito Federal), ou o PT (governo federal), ou o PSDB (Minas Gerais), ou mesmo o PA, PB, PC... Mas porque estão ocorrendo, e as notícias veiculadas indicam que, infelizmente, a presença dessa prática está aumentando. Dias atrás, diante desses fatos todos, um amigo, com passado fortemente idealista, e simpatizante do partido do governo atual, que passou pelo mesmo constrangimento tempos atrás quando estourou o mensalão no Congresso, me disse, um pouco cabisbaixo, é verdade, que todos faziam isso e não apenas eles.
Infelizmente, isso não anistia todos. Muito menos é motivo de orgulho. Pior, se o governo Lula fez, e nada aconteceu, não significa que os outros podem fazer. Essa corrupção, tanto em escala federal quanto estadual, acaba por reforçar uma situação combinada de impunidade com tolerância que nos arrasta para trás. Confesso que tenho medo dessa receita. A verdade é que, com tanto telhado de vidro, só nos resta rezar, e rezar muito, para que não chovam mais pedras sobre as nossas cabeças.
Malcon A. Tafner


REFORMA POLÍTICA!!!


Tábua de salvação para todos os males, as reformas voltam sempre à tona como imprescindíveis e urgentes todas as vezes em que os agentes públicos querem tirar o corpo fora da crise do momento.
Nos tropeços econômicos berra-se, e nada se faz, em prol de uma reforma tributária.
E sempre que estouram escândalos de corrupção, malversação de dinheiro público e ladroagem entre aqueles que deveriam ter um mínimo de compostura para representar o povo, repete-se o bordão da emergência de se fazer uma reforma política.
Diante da novela de horror exibida nos vídeos da corrupção explícita que se alastrou pelo Distrito Federal, a palavra de ordem não poderia ser outra: reforma política - a “responsável de plantão”, como bem disse a jornalista Dora Kramer em sua coluna, publicada no Estado de S. Paulo na última quinta-feira.
Além de desculpa usada e esfarrapada, o uso irresponsável e oportunista da reforma política é de todo nefasto.
Acaba por desqualificá-la. Isso em um país que carece, e há tempos, de alterar as atuais regras, arcaicas e superadas.
Tudo, mas absolutamente tudo, condena o atual sistema.
Do peso desigual da proporcionalidade na Câmara dos Deputados - que ainda hoje segue os moldes definidos em 1977 pelo mago do regime militar, Golbery do Couto e Silva, no Pacote de Abril, pelo qual um único amapaense, acreano, rondoniense ou roraimense vale sabe lá quantos muitos paulistas, mineiros, fluminenses, baianos ou gaúchos - à excrescência dos senadores suplentes que representam estados da Federação sem terem recebido um voto sequer.
Dos critérios que possibilitam a formação de partidos políticos em cada esquina às absurdas coligações pós-eleitorais, não aprovadas previamente pelo eleitor.
E as mudanças na regência político-eleitoral não dependem de artifícios ou idéias mirabolantes como a de convocação de uma Assembléia Constituinte, como preconizou marotamente o presidente Lula, sob o argumento de que os políticos não têm interesse em votar qualquer alteração nas regras vigentes, pois por elas são beneficiados.
Aliás, para quem se arvora em dizer que tudo se resolve com uma reforma política, é no mínimo incongruente imaginar que um fórum constituinte eleito pelas atuais regras seria menos oportunista, corrupto ou servil quanto Parlamento atual. Não passa de conversa para boi dormir.
A propalada reforma nem mesmo precisaria de novos projetos.
Há centenas deles criando teias de aranha no Congresso Nacional, vários com a amplitude e a profundidade necessárias para a correção de rumos.
Somam dezenas as propostas de diferentes aplicações do voto distrital - mecanismo que elimina as disputas fratricidas entre candidatos de um mesmo partido, permite maior proximidade com o eleitor e, consequentemente, maior fiscalização do eleito -, de fórmulas de financiamento dos pleitos, se público, privado ou misto, de regramentos para a publicidade eleitoral.
Em menor número, mas de igual ou maior importância, há propostas de adoção do voto facultativo, fundamento das democracias maduras, que estimula a real inclusão do cidadão na prática política, não raro limitada, nos países que ainda mantêm a obrigatoriedade, ao ato de votar.
Democracias emergentes buscam cotidianamente seu aperfeiçoamento.
É vergonhoso que o Brasil nem ao menos tente fazê-lo. Brinca com o sério ao fingir que discute questões de fundo e nem mesmo arranha o que verdadeiramente importa.
Se houvesse qualquer pretensão de se reformar alguma coisa, o Parlamento e próprio presidente Lula endossariam a emenda popular que impede a candidatura dos fichas sujas – uma oportunidade fabulosa para demonstrar que são sinceros os desejos de inibir a ação de corruptos de carteirinha.
Ao presidente da Câmara Michel Temer caberia apenas colocar a proposta na pauta do dia, e ao presidente Lula bastaria estimular a sua confortável maioria para aprová-lo.
Para a tão emergente e necessária reforma política, seria um começo sensacional.
Pena que a probabilidade de eles aproveitarem esta chance de ouro seja quase a mesma de se achar um pote de ouro no fim do arco-íris.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'.

Qual foi o primeiro "mensalão" da história do Brasil?

@Não faltou batom na cueca no novo mensalão em cartaz na cena política brasileira. 
Varreram o País imagens de parlamentares, do presidente da Câmara Legislativa e do próprio governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), embolsando, escondendo em meias ou enfiando na roupa de baixo maços e maços de dinheiro. Em passado nem tão remoto, já se viram cenas parecidas desse espetáculo que já vai se tornando, sem trocadilho, maçante. A sistemática e periódica distribuição de propinas aos eleitos como "representantes do povo" resultou no mensalão petista, que manchou a imagem do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e no mensalão mineiro, que na quinta-feira transformou o ex-governador tucano Eduardo Azeredo em réu no Supremo Tribunal Federal.

"Há certa naturalização da corrupção, a sensação fatalista de que não há o que fazer", lamenta o historiador mineiro José Murilo de Carvalho, autor de A Construção da Ordem e Teatro de Sombras: A Política Imperial, obras fundamentais para o entendimento do processo político brasileiro. Aos 70 anos e convertido em imortal pela Academia Brasileira de Letras em 2004, na cadeira que pertenceu a Rachel de Queiroz, Carvalho acostumou-se a ver o tema da corrupção frequentar os documentos da história brasileira, da Colônia à República, passando pelo Império. Espanta-se, porém, com o caráter generalizado dos esquemas atuais, que envolvem partidos, ministros, governadores, empresários - no que considera uma inviável "democracia sem república".

Na entrevista a seguir, concedida ao Aliás do Colegio Mayor Arzobispo Fonseca - um portentoso edifício de 1525 na Espanha, ocasião em que faria uma palestra a convite do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca -, o historiador se diz cético em relação à reforma política como método de eliminação dos mensalões nacionais - ainda mais se convocada por Constituinte, como sugeriu esta semana o presidente Lula. José Murilo de Carvalho considera mais eficiente o ataque frontal a pontos nevrálgicos da vida política brasileira, como o foro privilegiado e a imunidade parlamentar. E critica a ideia em voga no País de que basta combinar crescimento econômico com inclusão social para se chegar ao paraíso, sem preocupação com a honestidade, os valores cívicos ou a consolidação das instituições. "Não creio em democracia sólida num país em que a população acredita que ser político e ser corrupto é uma coisa só."

Qual foi o primeiro "mensalão" da história do Brasil?


Sempre houve negócios escusos, compra de votos, subornos, trocas de favores. Mas não me lembro de algo sistemático e generalizado como o que tem havido ultimamente, envolvendo os principais partidos, ministros, governadores, secretários, congressistas, empresários. É uma inovação em nossa história.

Virou clichê dizer que a corrupção é endêmica no Brasil. O senhor concorda, como historiador?

Endêmica é a tradição patrimonial, é a dificuldade em separar o público do privado. No antigo regime, o patrimonialismo era prática comum e normal. Quando, a partir da constituição de 1824, inauguramos o Estado moderno que separou os bens do Estado dos bens privados do monarca, essa prática passou a ser ilegal, corrupta. No entanto, os valores sobreviveram às leis: uma longa batalha teve início entre os dois, ainda indecisa. Até hoje, muitos governantes não se pejam de usar o Estado para favorecer interesses particulares, nem os particulares se constrangem em privatizá-lo. É uma proposta de construir a democracia sem república, que me parece pouco viável.

Na época do Brasil Império, a figura de d. Pedro inibia a corrupção?

Práticas patrimonialistas, clientelísticas, nepotistas, existiam. Mas o imperador foi educado no sentido de combatê-las, tarefa facilitada pelo fato de não precisar disputar eleições. Governou em permanente conflito com seus ministros sobre nomeações e demissões de funcionários, pois tinha dificuldade em aceitar mesmo as exigências da política partidária de recompensar aliados. Tratava-se, além disso, de uma elite pequena governando um Estado com poucos recursos. Daí que as críticas republicanas se dirigiam, sobretudo, à corrupção da monarquia como forma de governo - e não à corrupção do imperador ou da elite política.

Tem sido comum, na vida política brasileira, a referência a ideais "republicanos". São palavras vazias?

Depois da moda de cidadania, inaugurada com a Constituição de 1988, apareceu na retórica política um termo que estava esquecido - república - sem que se saiba exatamente o se quer dizer com ele. Em seu sentido clássico, que remonta à Roma antiga e passa pelas cidades-Estado da Itália renascentista, além de uma forma de governo, república significa coisa pública, bem comum, virtude cívica. Foi assim que Frei Caneca a concebeu em 1822. República não se confunde com democracia, embora, desde o século 19 não sejam incompatíveis. Ela exige predomínio da lei, igualdade perante a lei, ausência de privilégios e hierarquias, cidadãos ativos, governos responsáveis e eficientes. E é incompatível com patrimonialismo, clientelismo, nepotismo. Nossa República nunca pregou esses valores e nunca os pôs em prática. Pode-se argumentar, isso sim, como muitos fazem, que nossa democracia não precisa de república, que aos trancos e barrancos vamos construindo a inclusão política e social, que preocupação com honestidade política, bom governo e valores cívicos, instituições respeitadas, é udenismo, moralismo pequeno burguês. Mas acredito que haja cada vez mais brasileiros que discordam dessa posição.

Alguns cientistas políticos afirmam que a corrupção no sistema representativo brasileiro é "residual", sempre vai existir e não compromete seu funcionamento de fato.

Isso é um truísmo. Ninguém que reclama de corrupção está propondo uma sociedade de anjos. Mas é também elementar saber que há níveis distintos de corrupção e há maneiras distintas de lidar com ela. Uma coisa é a corrupção eventual e de alguns, outra é a corrupção que atinge todo o sistema o tempo todo. Uma coisa é ter corruptos, mas dispor de um sistema que os puna, outra coisa é a impunidade generalizada. Eu diria que no segundo caso a corrupção compromete, sim, o funcionamento do sistema democrático, na medida em que desmoraliza suas instituições. Não creio em democracia sólida em país em que a população acredite que ser político e ser corrupto seja uma coisa só.

Brasília, que completa 50 anos em 2010, era para ser a sede do governo e um centro administrativo, mas transformou-se praticamente em outro Estado, com orçamento, assembleia e câmara, representação de oito deputados federais e três senadores. É estímulo à corrupção?

Brasília teve grande importância geopolítica ao incentivar o desbravamento do interior do País. Mas teve efeito deletério para os costumes políticos. Afastou os três Poderes do contato com o povo. Um mensaleiro no Rio de Janeiro, por exemplo, seria vaiado na Câmara e nas ruas. Em Brasília, pelo distanciamento e pelas próprias dimensões da Praça dos Três Poderes, esse contato é limitado. Tenho também dúvidas se um distrito federal deva ter o mesmo status político que um Estado. Uma prefeitura seria mais adequada, e mais econômica.

Brasília, então, seria uma redoma para os políticos?

Brasília, por seu isolamento geográfico, não por culpa das pessoas, se transformou em uma corte que cria um cinturão de proteção em torno dos políticos, livrando-os da pressão direta do povo. Lá só vão grupos organizados que podem pagar o transporte de militantes.

As imagens na TV mostraram maços de dinheiro sendo escondidos em paletós, meias e cuecas - em contraponto aos escândalos financeiros no mundo, sofisticados, difíceis de flagrar. Como entender essa corrupção tosca de Brasília?

Sem dúvida, as falcatruas de nossos políticos são toscas diante da sofisticação do grande negócio. Os reais nas cuecas são coisa de ladrão de galinha. Ainda não chegamos ao ponto em que os lobbies aproximam o grande negócio do Congresso. Justifica-se, no entanto, a reação maior ao roubo menor, porque os políticos estão exercendo um cargo de representação popular e lidando com dinheiro do contribuinte.

Esse raciocínio não livra a barra do lobista e do corruptor dos políticos?

Eu me referia aos lobbies americanos, que são registrados e agem abertamente. Pode-se contestar a legitimidade dessa ação, não sua legalidade.

O bombardeio de imagens de corrupção pode gerar um certo conformismo na sociedade?

Creio que há, sim, certa naturalização da corrupção, a sensação fatalista de que não há o que fazer. O bom momento que vive o País e a grande popularidade do presidente ironicamente favorecem essa postura. Os setores da população mais beneficiados pelas políticas governamentais tendem a ser mais tolerantes com os escândalos. Em política, o bolso ainda é o principal argumento. A reação procede mais de camadas sociais não diretamente beneficiadas. Sem estar acoplada a outros motivos de insatisfação, a luta contra a corrupção é árdua.

O governador Arruda ameaçou os colegas de partido dizendo "se radicalizarem comigo, vou radicalizar também". De que maneira a chantagem e o conluio forçado fazem parte da corrupção no Brasil?

Essa é uma das melhores armas dos que são pegos em falcatruas, pois sabem que não são os únicos a praticá-las. O PSDB aliviou as críticas ao mensalão do PT quando as denúncias viraram contra seus correligionários, que decidiu acobertar. Agora, tocou a vez ao DEM. O partido tem a oportunidade de quebrar esse pacto de conivência. Se o fizer, fará grande bem à República.

A reação inicial do presidente Lula foi dizer que "as imagens não falam por si só". Depois, veio a público e definiu a crise como "deplorável". Como entender essa mudança?

A resposta foi coerente com reações anteriores do presidente de leniência em relação às denúncias de corrupção, por parte de políticos de seu partido ou de outros. Deve se ter dado conta da inconveniência diante de evidências tão gritantes.

O presidente também disse ter enviado propostas de reforma política para o Congresso que não foram votadas e sugeriu a convocação de uma Constituinte. É a solução?

Propostas de reforma política e de Constituinte a esta altura, em plena campanha eleitoral, são um tanto inócuas. Em sete anos de governo não houve empenho em fazê-las. O que menos há hoje no País é ambiente para debate político. Só há debate eleitoral, a luta pelo controle da máquina do Estado. Não creio que haverá menos ou mais corrupção se o País for presidencialista ou parlamentarista, se o sistema eleitoral for proporcional ou majoritário, se houver ou não financiamento público de campanhas. Medidas simples poderiam ser mais efetivas. Por exemplo, acabar com privilégios antirrepublicanos como o foro especial para políticos, a imunidade parlamentar para crimes comuns, a prisão especial para quem tem diploma e as infinitas brechas da lei que garantem a impunidade dos políticos e ricos em geral. Também acho interessante rever a permissão de candidaturas de pessoas condenadas em primeira instância. Depois de tanto escândalo, quem foi condenado em última instância? O próprio governador de Brasília ainda não foi julgado pela acusação de violar o painel de votação há dez anos. Uma Justiça rápida poderia ter evitado o novo escândalo retirando-o antes da vida pública. O crime compensa e os criminosos sabem disso.

A velha história se repete?

Nossa democracia política é jovem: começou em 1945. Em 1932, havia 2,5 milhões de eleitores registrados. Em 2000, 110 milhões. Hoje, são 130 milhões. No período da ditadura, 43 milhões de novos eleitores entraram no sistema. Essa dramática incorporação de eleitores foi acompanhada da também dramática ampliação do leque de candidatos. Até 1930, no Brasil, a elite política era pequena. Hoje, basta olhar a lista de candidatos a vereador e prefeito que vemos muitos Zé da Padaria, Maria das Couves, Chico Bombeiro, etc. Isso não podia deixar de ter impacto na qualidade do voto, dos eleitos e das práticas políticas. Mas é um preço que temos de pagar pela tardia abertura do sistema. Além do custo do atraso, houve ainda o custo da ditadura que afetou a qualidade e treinamento dos políticos oriundos da elite tradicional. Na realidade, o aprendizado democrático e republicano de milhões de brasileiros começou mesmo só depois de 1988. É muito pouco tempo. É possível que nossas mazelas se devam em boa parte a essa cronologia. E que, com alguma paciência, possamos nos educar para novos e melhores tempos.

A falta de limites entre público e privado também aparece na vida dos políticos, não só no manejo da coisa pública. Filhos fora do casamento, derrapadas verbais, amantes usados no jogo político... Já há sinais de que a campanha de 2010 será pesada. O que é pior para o político: o escândalo pessoal ou ser pego com a boca na botija?

A pergunta é boa. O ponto é complexo: a vida pessoal de uma pessoa pública é assunto público ou privado? De um lado, há o dito: a mulher de César não só deve ser honesta como parecer honesta. Nos EUA, país puritano, vigora essa ideia, a vida privada do homem público é pública. Na França, pelo contrário, país católico, a vida privada é privada. Entre nós, há ambiguidade e uso oportunista das duas regras. A vida privada do adversário é pública, a dos correligionários é privada.