Dilma versus PT

Governo e oposição estão em crise, mas por razões opostas: a oposição por fraqueza, falta de rumos e objetivos; o governo, paradoxalmente, por estar apoiado por um partido mais forte que ele, o PT, ao qual não faltam nem rumos, nem objetivos.
Em setembro do ano passado, falando a sindicalistas petroleiros na Bahia, José Dirceu, considerava que a eleição de Dilma Roussef era ainda mais importante que a de Lula.
“Ele (Lula) é duas vezes maior que o PT", dizia, enquanto Dilma representaria “a chegada do projeto partidário ao poder”.
Lula, liderança carismática, teria sido uma etapa de “acumulação de forças” do partido, permitindo que superasse resistências e chegasse ao governo federal.
Para tanto, gozou de uma certa licença ideológica, levando o partido a concessões que, com Dilma, teriam que ser suprimidas.
O discurso é longo e foi feito sem que o orador soubesse da presença de jornalistas no local, o que faz supor que falou sem inibição, a um público de adeptos.
Na ocasião, fez menção à liberdade de imprensa, que vê com restrições, e as repercussões se limitaram a esse quesito de sua fala.
O ponto central, no entanto, é a preponderância do PT sobre a presidente, o que pressupõe estado de tensão permanente entre ambos, que já se manifestou (e continua) no preenchimento de cargos no governo.
Dilma não é uma petista histórica. Veio do PDT de Brizola. Há afinidades de pontos de vista, mas não necessariamente comunhão plena de ideias e métodos.