Dois processos no calcanhar de Sarney



Enquanto o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tenta se equilibrar politicamente reagrupando aliados para permanecer no comando da Casa, adversários se preparam para abrir processos contra ele no Conselho de Ética por suposta quebra do decoro parlamentar.Pelo menos duas representações estão sendo gestadas, por PSDB e PSOL. Ambas pedirão ao conselho investigação sobre a responsabilidade de Sarney na edição de atos secretos e da participação do neto do presidente José Adriano Sarney na intermediação de empréstimos com desconto em folha dos servidores do Senado. A primeira será apresentada hoje pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Já a segunda, do PSOL, será formalizada na quarta ou quinta-feira.Virgílio promete voltar à tribuna hoje. No discurso, ele pedirá a moralização da Casa e atacará novamente o ex-diretor-geral Agaciel Maia, acusado de ser o mentor dos atos secretos. Embora o senador amazonense seja o líder tucano, ele explicou que sua iniciativa e não envolve o partido. O PSDB ainda não tem uma posição oficial sobre Sarney. De Estocolmo, na Suécia, o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), disse que ainda vai reunir colegas para decidir o que fazer.Apesar de as duas representações significarem mais desgaste para Sarney, hoje dificilmente prosperariam. Conta a favor do presidente da Casa o fato de o Conselho de Ética estar sem representantes desde maio, quando se encerraram os antigos mandatos. Os novos ainda não puderam tomar posse porque PMDB e PSDB não indicaram seus membros. Além disso, as duas representações precisam ser acatadas primeiro pela Mesa Diretora, que é dirigida por Sarney, o alvo.Em meio à confusão, os partidos já se movimentam para tomar uma posição. O PT começará hoje uma série de conversas – que envolverá também o Palácio do Planalto – para decidir a estratégia do partido e do governo.A tendência é de que o PT fique do lado de Sarney, porque um pedido de afastamento do senador poderia prejudicar a aliança que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende formar em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência no ano que vem.
Fonte: Zero Hora

Tarso elege maioria e está próximo de ser candidato



O PT está a um passo de escolher Tarso Genro candidato ao governo do Estado. As projeções de ontem dos petistas indicam que o ministro da Justiça elegeu o maior número de delegados para o encontro estadual dos dias 18 e 19 de julho, quando será decidido o nome que disputará o Piratini em 2010.No início da noite de ontem, o ministro reuniu um grupo de apoiadores em um bar na Rua Venâncio Aires, na Capital, para comemorar a obtenção do maior número de delegados nos encontros realizados em 367 municípios gaúchos.As projeções dos três grupos indicam que Tarso tenha conquistado entre 59% e 67% dos delegados. Serão esses representantes quem decidirão o candidato da legenda ao governo, o arco de alianças, a tática eleitoral e as diretrizes do programa de governo. Os números oficiais só devem ser divulgados pelo diretório do PT amanhã.Neste final de semana, ocorreram encontros em 261 municípios. O diretório municipal de Porto Alegre reuniu 1,7 mil filiados no Centro de Eventos do Parque da Harmonia. Antes da votação para a escolha dos delegados, Adão Villaverde (deputado estadual), Ary Vanazzi (prefeito de São Leopoldo) e Tarso Genro discursaram durante 10 minutos cada um. Passada a defesa das seis chapas inscritas e diante de um salão lotado, os organizadores tiveram dificuldades em recolher os crachás dos delegados – que representavam o voto de cada um deles –, o que desagradou a petistas. As identificações foram colocadas em sacos, mas em razão do número de apoiadores, a chapa de Tarso teve de improvisar mais duas toalhas para recolher os crachás.Nos 30 minutos em que permaneceu no local, Tarso se comportou como o candidato. Além de conversar com apoiadores e posar para fotos, foi abraçado e beijado. No palco, cumprimentou o presidente estadual do PT, Olívio Dutra, e acenou para a plateia formada por poucos petistas.– Estamos seguros de que vamos ter a indicação – afirmou.Depois de declarar que o terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva se chama Dilma Rousseff (atual ministra-chefe da Casa Civil), Tarso disse que se fosse escolhido candidato ao governo iria buscar todas as forças políticas de seu partido para “compartilhar a elaboração de um programa que dê a vitória.”– O nosso candidato será o candidato da vitória, do PT de Lula, de Olívio, de Dilma, o candidato que vai ganhar o Rio Grande para nós ganharmos o Brasil – afirmou em discurso.Villaverde também acreditava no bom desempenho de sua pré-candidatura e chegou até a arriscar um percentual. Uma hora e meia antes da votação, ele acreditava que conseguiria eleger cerca de 25% dos delegados.– Isso não significa que os delegados tenham posição fechada até o encontro estadual – declarou.Num discurso inflamado, Vanazzi defendeu uma aliança com o PDT:– É com esse partido que tem compromisso social e com os trabalhadores que nós temos de fazer aliança e ganhar o governo do Estado.Segundo a executiva estadual, cerca de 1,4 mil delegados foram eleitos nos encontros municipais.
Fonte: Zero Hora