Deputados investigam conexões nazistas no Sul

Adesarticulação pela Polícia Civil gaúcha de um grupo neonazista, com ramificações no Estado, no Paraná e em São Paulo, trará representantes da Câmara do Deputados hoje ao Rio Grande do Sul.Integrantes da comissão externa criada pela câmara para acompanhar as investigações de quadrilhas neonazistas que atuam no país participam de uma audiência pública, no início da tarde de hoje, na Assembleia Legislativa, com a presença de jornalistas, policiais e representantes de ONGs e instituições religiosas.– A comissão tem o objetivo de supervisionar estes trabalhos e de fazer com que a Polícia Federal também participe das investigações – diz o deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que coordenada a comissão externa.As ramificações da Neuland (nova terra, em alemão), organização neonazista que a polícia define como “terrorista” no Rio Grande do Sul motivaram o deslocamento dos parlamentares ao Sul. Desde que o delegado Paulo César Jardim, titular da 1ª Delegacia da Polícia Civil, começou a investigar o braço gaúcho dos adoradores de Hitler, policiais e parlamentares do centro do país buscam informações.– Acabou a fase romântica, com pichações e panfletagens, do movimento neonazista. Agora eles estão se armando e falam em ataques em massa – alerta Jardim, que há oito anos dedica-se a monitorar focos de intolerância em território sulino.Além de Jardim, são esperados na reunião o superintendente da Polícia Federal no Estado, Ildo Gasparetto, os delegados da Polícia Civil Mauro José Barcellos Mallmann, de Teutônia, e Bolívar Llantada, da Homicídios, os presidentes da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Henry Chmelnitsky, e do Grêmio, Duda Kroeff, os jornalistas Fábio Almeida, Cid Martins e Adriano Duarte, do Grupo RBS, e o representante do Movimento LGBT, Izidoro de Souza Rezes.O presidente do Grêmio foi convidado porque integrantes da torcida Geral, supostamente envolvidos com neonazistas, foram identificados e presos em 2007 após agredir um punk.– A torcida Geral do Grêmio não tem nada a ver com isso. Ela foi vítima de infiltração de neonazistas – esclarece o delegado Jardim, responsável pelas prisões e um especialista no movimento.

Sarney sob suspeita de quebra de decoro

Deixado de fora no relatório final da comissão interna aberta para investigar a edição de 663 atos secretos no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), poderá parar no Conselho de Ética por ter garantido que não tinha responsabilidades junto à fundação que leva seu nome, sediada em São Luís (MA).Alguns senadores se irritaram com Sarney, que disse em plenário, na quinta-feira, não ter “nenhuma responsabilidade administrativa” com a Fundação José Sarney, suspeita de desviar R$ 500 mil de recursos da Petrobras para empresas fantasmas e da família do senador.A afirmação de Sarney caiu por terra depois de vir a público o estatuto da entidade, que não deixa dúvidas sobre o comando exercido pelo senador. Como fundador e presidente vitalício da fundação, Sarney assume “responsabilidades financeiras”, tem “poder de veto” e preside o Conselho Curador, formado por amigos e familiares. Um artigo diz que, em caso de morte de Sarney, sua mulher ou alguém da família assumirá o comando da fundação.– A mentira configura quebra de decoro. É coisa para perder o mandato – avalia o senador Demostenes Torres (DEM-GO), indicado por seu partido para integrar o Conselho de Ética.Álvaro Dias (PSDB-PR) defende que essa contradição seja investigada.– De boa ou má-fé, houve uma falsa informação – afirmou.A assessoria de Sarney alega que ele deu poderes por procuração ao amigo José Carlos Sousa Silva presidir “em exercício” a fundação. Na opinião do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, Sarney não perdeu o controle da entidade.– O representante age em nome do representado. Ele teria que ter aberto mão da titularidade. A procuração é muito frágil – ressaltou.A denúncia mais recente relacionada à fundação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com a reportagem, uma empresa de varejo, chamada Sousa Premiere, aparece como prestadora de serviços de um curso de história da arte para a Fundação José Sarney, de São Luís. A sede da empresa é uma casa de praia e o curso foi bancado com dinheiro de um convênio com a Petrobras, no valor de R$ 1,3 milhão, destinado à digitalização do acervo do museu do presidente do Senado.

Governo vê Tarso por trás de vazamento de denúncias

Após a governadora Yeda Crusius fazer uma rodada de conversas com aliados no final de semana, o Palácio Piratini deve iniciar uma estratégia de disseminar ataques em diferentes frentes para contrapor a onda de denúncias de corrupção contra o governo. Um dos principais alvos deve ser o ministro da Justiça, Tarso Genro, candidato pelo PT à sucessão estadual em 2010.Hoje, Yeda se encontra novamente com seu conselho informal num café da manhã para ajustar a reação à crise política, no Centro Administrativo do Estado. Integrantes do Executivo avaliam que o petista, como chefe da Polícia Federal (PF), está facilitando o vazamento de informações que prejudicam a gestão em razão de interesses eleitorais. Nos últimos meses, em mais de uma oportunidade a própria governadora disse que a oposição tem “fins golpistas”. Entre conselheiros de Yeda, existe a tese de que há uma conspiração de Tarso em parceria com a deputada federal Luciana Genro (PSOL), filha do ministro. Em fevereiro, Luciana divulgou suspeitas sem provas contra o Piratini dizendo que havia vídeos e áudios no Ministério Público Federal (MPF), relativos à suposta delação premiada do consultor Lair Ferst.– O Tarso usa a PF como se fosse a sua Gestapo (polícia política da Alemanha nazista), guardando as devidas proporções – afirmou um aliado.Na sexta-feira, a suposta atuação de Tarso nos bastidores foi novamente abordada por membros do primeiro escalão. Em entrevistas gravadas no final de semana para emissoras de TV e que devem ir ao ar hoje, a governadora também se manifestou sobre a suposta interferência do ministro. Essa desconfiança começou quando estourou a Operação Rodin, em novembro de 2007, que investigou o desvio de pelo menos R$ 40 milhões do Detran. O senador Pedro Simon (PMDB) e o deputado federal José Aníbal (PSDB) já deram declarações públicas nessa linha.Como resultado dos sucessivos encontros, secretários esperam para os próximos dias o anúncio de medidas jurídicas e políticas contra a crise política provocada pelas suspeitas. Existe a avaliação de que a enxurrada de denúncias desestabiliza Yeda ao desmobilizar a base na Assembleia Legislativa.