Sarney sob suspeita de quebra de decoro

Deixado de fora no relatório final da comissão interna aberta para investigar a edição de 663 atos secretos no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), poderá parar no Conselho de Ética por ter garantido que não tinha responsabilidades junto à fundação que leva seu nome, sediada em São Luís (MA).Alguns senadores se irritaram com Sarney, que disse em plenário, na quinta-feira, não ter “nenhuma responsabilidade administrativa” com a Fundação José Sarney, suspeita de desviar R$ 500 mil de recursos da Petrobras para empresas fantasmas e da família do senador.A afirmação de Sarney caiu por terra depois de vir a público o estatuto da entidade, que não deixa dúvidas sobre o comando exercido pelo senador. Como fundador e presidente vitalício da fundação, Sarney assume “responsabilidades financeiras”, tem “poder de veto” e preside o Conselho Curador, formado por amigos e familiares. Um artigo diz que, em caso de morte de Sarney, sua mulher ou alguém da família assumirá o comando da fundação.– A mentira configura quebra de decoro. É coisa para perder o mandato – avalia o senador Demostenes Torres (DEM-GO), indicado por seu partido para integrar o Conselho de Ética.Álvaro Dias (PSDB-PR) defende que essa contradição seja investigada.– De boa ou má-fé, houve uma falsa informação – afirmou.A assessoria de Sarney alega que ele deu poderes por procuração ao amigo José Carlos Sousa Silva presidir “em exercício” a fundação. Na opinião do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, Sarney não perdeu o controle da entidade.– O representante age em nome do representado. Ele teria que ter aberto mão da titularidade. A procuração é muito frágil – ressaltou.A denúncia mais recente relacionada à fundação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com a reportagem, uma empresa de varejo, chamada Sousa Premiere, aparece como prestadora de serviços de um curso de história da arte para a Fundação José Sarney, de São Luís. A sede da empresa é uma casa de praia e o curso foi bancado com dinheiro de um convênio com a Petrobras, no valor de R$ 1,3 milhão, destinado à digitalização do acervo do museu do presidente do Senado.

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