Uma geração sem susto nos preços



Com 15 anos comemorados há pouco mais de 20 dias, a gaúcha Rachel Russowsky faz parte da primeira geração de brasileiros que chega à adolescência conhecendo a inflação apenas das histórias contadas pelos mais velhos. Palavras como indexação, overnight e remarcação foram praticamente banidas do dia a dia do país a partir do lançamento do Plano Real, que completa seu 15º aniversário hoje.Oprograma de estabilização que deu ao Brasil uma nova moeda, o real, e devolveu aos seus cidadãos a capacidade de avaliar bens e serviços e de planejar seu orçamento a longo prazo, nasceu por meio de uma medida provisória composta de 58 medidas. Dois anos antes do lançamento do plano, o Brasil era um dos quatro países, junto com Rússia, Ucrânia e Zaire, a registrar inflação superior a 1.000% ao ano. A economia era, como imagina Rachel, uma grande confusão.– Meu pai tinha loja, e era muito estranho porque as etiquetas tinham apenas um código. Para saber o preço de algum produto, era preciso olhar o valor correspondente em uma tabela – conta a jovem estudante do primeiro ano do Ensino Médio.A mãe de Rachel, Andréa, é dentista e empresária e tem muito presente o que mudou na sua rotina pessoal e profissional nos últimos 15 anos.– Houve uma grande mudança tanto na minha vida profissional quanto pessoal. Antes, os números não representavam a realidade da empresa. Agora, é muito mais fácil administrar e planejar. Também dá para fazer compras de longo prazo porque a economia está mais estável. E as compras de supermercado são semanais, não precisa mais fazer rancho para todo o mês – descreve Andréa, que também é mãe de Rafael, de 11 anos.Política de juro alto é efeito colateral, diz economistaA estabilização que a população confere dia a dia é a maior conquista do plano também para especialistas.– O grande êxito foi debelar um processo crônico e crescente que ocorria desde os anos 1980 e que já havia frustrado outros planos de estabilização – afirma Fernando Ferrari Filho, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Para o economista, entretanto, o receio de que a inflação pudesse ressurgir deu margem a uma política conservadora, com juros elevados, que provocou, como efeito colateral, um baixo crescimento do país nesta última década e meia.
Fonte: Zero Hora

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