Estrada do inferno.....ainda há uma esperança.

Li na Zero Hora que a Prefeitura de Santa Vitória do Palmar e o DNIT começaram a tirar da prancheta as obras para recuperação do cais da cidade. Isto é o que deveríamos ter feito: portos. Apesar do atraso de mais ou menos 500 anos, fiquei contente. Alguém deve ter se dado conta que a nossa tentativa de fazer e refazer a estrada do inferno em terreno arenoso ao lado da lagoa é louvável, mas foi e será uma tragédia. Uma tragédia cara, com manutenção incerta.
Não conseguimos fazer boas estradas nem na serra onde o solo é rochoso, imaginem naquela restinga entre a Lagoa e o Atlântico. Ainda mais numa estrada de baixíssimo trânsito, com caminhões pesados e cargas perecíveis. Não digo que não deva existir uma estrada vicinal, mas transportar cargas pesadas por estrada, havendo uma lagoa ao lado? Chega a ser hilário.

Países ricos como a Noruega e Estados Unidos nunca pensaram em fazê-lo. Dou um exemplo: a capital do Alasca, Juneau, não tem estradas. Nenhuma estrada, nem lagoas. O único meio de chegar a ela é através da água. Eles usam ferries com precisão de trem europeu, nas "internal highways", que é o oceano Pacífico. Então por que " internal'? Porque é uma costa, protegida por inúmeras ilhas e os barcos da cabotagem a usam com extrema eficiência e sem problemas de mau tempo.

Dou um segundo exemplo, até porque já aprendi que tudo o que se faz nos EUA é errado ou criticado - quase sempre por quem nunca foi até lá. Estes mesmos críticos entram em pânico quando a filha de 15 anos não quer debutar e sim ir a Disney. Posso até imaginar: Disney não!...O que vão dizer na próxima reunião do Partak? Onde eu errei?

Portanto, aqui vai o outro exemplo mais isento. Noruega, onde a grande maioria das cidades nos fiordes não tem estradas, nem pensam em fazê-las. É só rocha e os protegidos canais ao lado. Não é por acaso que o Alfred Nobel, o homem que o instituiu o prêmio Nobel e inventou o dinamite é norueguês. A Noruega é só rocha.

Portanto, se tivéssemos iniciado acertadamente, hoje teríamos um razoável sistema de portos de ambos os lados da lagoa para o trabalho pesado e estradinhas vicinais para a comunicação entre cidades e fazendas. O sonho até é viável e elogiável para tráfego leve. Nem me passou pela cabeça comentar sobre as nossas estradas a alguém como você, que lê os jornais.

NOTA

Quem escreve esse comentário é uma pessoa de razoável experiência rodoviária, que fez por 4 vezes a Belém - Brasília antes da inauguração e também a Caravana da Integração Nacional. O Ministro dos Transportes cedeu a estrada em obras para "testes" dos candangos DKW-VEMAG. Eu, Flavio Del Mese, formei, junto com Jorge Lettry, Leshek Billik e Juvenal Terra, a equipe posteriormente condecorada pessoalmente pelo presidente Jucelino, que os chamou de pilotos de circo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentario, sua colaboração é muito importante para nós.