"Michel Temer não fala pelo PMDB", Afirmou Quércia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu às direções do PT e do PMDB que enquadrem as seções estaduais dos dois partidos, com o objetivo de garantir uma ampla rede de apoio em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto em 2010. O pedido de Lula foi feito durante jantar que selou a aliança entre os dois partidos, na terça-feira, em Brasília.

"Como eu vou fazer campanha em dois ou três palanques?", perguntou o presidente, segundo relato de participantes do jantar. Lula lembrou a trajetória do PT para argumentar que muitas vezes um partido somente se consolida nacionalmente entrando em confronto com posições de diretórios estaduais, que desejam lançar candidatura própria para "marcar posição".

Anunciada como "pré-compromisso" em uma nota de quatro itens, a aliança entre PT e PMDB para a campanha de Dilma enfrenta resistências em vários Estados. Motivo: nenhum dos dois partidos quer desistir de lançar chapa aos governos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Rio e Distrito Federal.

"A nossa obsessão, agora, é unir o PT e o PMDB nesses Estados", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "Só não vamos conversar com os diretórios de São Paulo e de Pernambuco, que são contra o governo Lula, e não apenas contra a aliança com Dilma".

Nem mesmo a garantia de que o PMDB terá a vaga de vice na chapa petista - e a promessa de mais cargos em um eventual novo governo do PT - animou os peemedebistas contrários ao acordo. Presidente do PMDB paulista, o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, disse que a aliança fechada no jantar com Lula e Dilma não passa pelo crivo da convenção nacional do partido, em junho de 2010.

"Michel Temer não fala pelo PMDB", reagiu Quércia, numa referência ao presidente da Câmara, cotado para ser vice de Dilma. "As coisas estão de tal ordem no PMDB que vamos levar para a convenção o nome do Serra e essa indicação vai disputar com a de Dilma. Fizeram uma composição precipitada, mas não têm maioria para aprovar isso na convenção", emendou Quércia, que apoia a candidatura do governador José Serra (PSDB) ao Planalto.

A nota pública que expressa a parceria diz que os dois partidos compartilharão, "em conjunto com as demais agremiações", a coordenação de campanha e a elaboração do programa de governo. "Com esse escopo, PMDB e PT levarão este pré-compromisso às suas instâncias partidárias, construindo soluções conjuntas para as alianças regionais", diz o texto.

AÉCIO

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), minimizou a formalização da aliança nacional do PMDB com o PT, formalizada em jantar anteontem com a cúpula dos dois partidos, e deixou clara a estratégia tucana de intensificar as negociações nos Estados, a fim de atrair o maior número possível de peemedebistas dissidentes. "Acredito que vão prevalecer as alianças regionais. Em muitos Estados, a aproximação do PMDB é maior conosco que com o PT", disse o governador na manhã de hoje (21).

Aécio lembrou que a "valorização dos interesses regionais deu ao PMDB bancadas muito sólidas na Câmara e no Senado, o que dá ao partido importância estratégica muito grande no quadro eleitoral". O governador citou o Rio Grande do Sul como exemplo de Estado em que PSDB e PMDB estão próximos. É intenção dos tucanos apoiar a candidatura do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, ou do ex-governador Germano Rigotto.

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