Morre Juvenal, último remanescente do time titular da seleção na Copa de 50

Ex-zagueiro faleceu aos 86 anos em Camaçari, no interior da Bahia, mas era de Santa Vitória do Palmar.


Zagueiro da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950, Juvenal Amarijo faleceu nesta sexta-feira, aos 86 anos, no Hospital Geral de Camaçari, região metropolitana de Salvador, onde estava internado há 15 dias. Último titular remanescente do time que perdeu por 2 a 1 para o Uruguai no fatídico “Maracanazo”, o ex-defensor vivia em Jauá, no litoral da capital baiana, e lutava contra uma artrose no joelho direito. A causa da morte ainda não foi divulgada pelos médicos responsáveis.

Natural de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, Juvenal iniciou a carreira no Brasil de Pelotas, onde atuou entre 1945 e 1946. Depois defendeu Flamengo, Palmeiras, Bahia e Ypiranga (BA) onde encerrou a carreira em 1959.

A carreira do ex-zagueiro, na seleção foi curta. Jogou apenas 11 partidas, com oito vitórias, dois empates e uma derrota (exatamente para o Uruguai, no Maracanã).

Os dois jogadores ainda vivos que fizeram parte do grupo que participou do vice-campeonato no Mundial de 1950 são o ex-lateral Nilton Santos e o zagueiro Nena, ambos reservas na época.



Em 16 de julho de 1950, 11 brasileiros, vestidos de branco, entraram no gramado do recém-inaugurado (e inacabado) maior estádio do mundo para registrar seus nomes na história do Brasil. Diante de 200 mil pessoas (10% da população do Rio de Janeiro na época), iriam cumprir o que para quase todos os presentes era uma mera formalidade: confirmar sua superioridade diante de um adversário conhecido e dar ao Brasil a sua maior glória no esporte: o inédito título de campeão mundial de futebol.
Realmente, aqueles 11 homens marcaram seus nomes na história esportiva do país. Mas por terem sido protagonistas da maior tragédia esportiva do país.
A derrota por 2 a 1 para o Uruguai marcou eternamente a vida daqueles 11 brasileiros, que estiverem muito perto de se tornarem conhecidos para sempre como campeões mundiais. Mas a denominação sempre veio acompanhada da palavra “vice” em suas biografias.
Nesta sexta-feira, faleceu, aos 86 anos, o último remanescente daquele grupo de brasileiros que pisaram no gramado do Maracanã naquele fatídico dia. E Juvenal Amarijo ainda teve que superar um peso adicional. Junto com o goleiro Barbosa e o lateral Bigode, o zagueiro foi apontado como um dos culpados diretos pela derrota para o time de Obdulio Varela e companhia.
Apesar dos títulos conquistados na carreira - incluindo a Copa Rio de 51 pelo Palmeiras, ganha no mesmo Maracanã, um ano depois da derrota para o Uruguai -, Juvenal jamais conseguiu se livrar do fantasma de 50. A final do Mundial disputado no Brasil foi a última de suas 11 partidas pela seleção.
Após o encerramento da carreira, adotou um exílio voluntário na Bahia, tentando tocar o menos possível no assunto que não queria lembrar. Mas quem conhecia sua trajetória nunca deixava de questioná-lo sobre o tema-tabu.
Em 2007, a Rede Globo revelou o drama vivido pelo ex-jogador, que, doente, morava em uma casa em péssimas condições. Nem televisão tinha para ver partidas de futebol. O drama de Juvenal mobilizou várias pessoas pelo país. Ele ganhou uma TV e recebeu tratamento médico.
Mas uma ferida jamais seria cicatrizada. Aquela que cortou definitivamente a alma do zagueiro naquela tarde de julho no Rio de Janeiro.
Juvenal Amarijo
Data de nascimento: 27 de novembro de 1923
Local de nascimento: Santa Vitória do Palmar (RS)
Clubes : Brasil de Pelotas, Flamengo, Palmeiras, Bahia e Ypiranga-BA
Títulos: Campeonato Paulista 1950, Copa Rio 51 (Palmeiras), Campeonato Baiano 54 e 56 (Bahia), Copa Oswaldo Cruz e Copa Rio Branco 50 (seleção)
Jogos pela seleção: 11


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