Bate-boca expõe disputa pelo controle do PMDB

Senador e deputado tiveram uma discussão áspera na segunda-feira, diante da direção do partido.
Às vésperas da troca de comando e em busca de alianças para lançar candidato próprio ao Piratini, o PMDB gaúcho expõe um racha. Na tarde de segunda-feira, o presidente estadual da sigla, senador Pedro Simon, e o secretário-geral, deputado Eliseu Padilha, travaram diante da executiva uma briga com direito a soco na mesa. Peemedebistas tiveram de intervir.Com duração de duas horas e meia, o encontro foi aberto por Padilha, que informou o resultado das convenções municipais realizadas no dia anterior em 494 municípios gaúchos.Em seguida, Simon anunciou as razões que o levaram a não disputar a reeleição à presidência do partido, fez uma leitura sobre a participação do PMDB no quadro político estadual e, em seguida, apresentou três nomes para integrar uma comissão que tem como objetivo negociar alianças e montar a composição do novo diretório estadual. O grupo é composto por Sebastião Melo (presidente da Câmara de Porto Alegre), Rospide Neto (tesoureiro) e Odacir Klein (ex-deputado).Depois de ouvir o discurso de 30 minutos, Padilha fez um relato sobre a sua trajetória de MDB e PMDB e as andanças pelo Interior. Declarou ainda que conquistar a chave do Piratini depende de uma “grande construção política”. Mencionando um jantar convocado por Simon com a presença do ex-governador Germano Rigotto, do prefeito da Capital, José Fogaça, e outros líderes peemedebistas, ao qual ele não fora convidado, admitiu que se sentia afastado das discussões.– Se foi uma janta entre amigos, não tem problema. Mas se foi partidária, me sinto excluído. Nunca tinha me declarado candidato à presidência do partido, apesar de “n” provocações da mídia, mas se for o caso eu posso ser o candidato – afirmou Padilha.Simon se levantou e, batendo na mesa, afirmou em tom elevado:– Tô indo para casa, tô fora, pega o partido para ti.Na tentativa de apaziguar, Rospide declarou:– Pedro, não te altera. Não precisa sair daqui, tu és o nosso grande líder. Deixa o Padilha terminar de falar.Mesmo alterado, Simon atendeu ao apelo do tesoureiro da sigla. Apesar de o senador ter pedido desculpas por ter se exaltado e o encontro ter encerrado com trocas de gentilezas, o clima tende a permanecer tenso. A eleição do novo presidente do PMDB gaúcho deve ocorrer no final de novembro.Um dia depois de brigarem na frente de companheiros de partido, expondo uma divisão no PMDB, Pedro Simon e Eliseu Padilha tentaram ontem colocar panos quentes. A seguir, o que eles disseram a ZH:“Não teve discussão”Entrevista: Pedro Simon Senador do PMDBZH – O que motivou a discussão com Padilha?Pedro Simon – Não teve discussão. Padilha discutiu com alguém? O que houve é que eu queria construir uma comissão para conduzir o processo eleitoral e elaborar o novo diretório. Houve divergência que prefiro não comentar, mas ao final chegamos a um entendimento.ZH – Por que o senhor não quer Padilha na presidência do PMDB e o excluiu de um jantar?Simon – Nunca se falou no nome de Padilha para a presidência do partido. Eu convidei prefeitos, pré-candidatos para sentir o pensamento (sobre a criação da comissão). Por que eu tinha de convidar ele (Padilha)? Eu, presidente, não posso fazer uma reunião?ZH – Fogaça ou Rigotto para concorrer ao Piratini?Simon – São dois grandes candidatos. Temos de saber qual deles é mais fácil de fazer entendimento com os outros partidos.“Foi discussão normal”Entrevista: Eliseu Padilha, deputado do PMDBZH – O que motivou a discussão com Simon?Eliseu Padilha – Foi uma discussão absolutamente normal no embate político. A nossa discordância acabou surgindo porque entendi que não precisava de comissão para formatar (a costura de alianças e a composição do diretório). Ao final, nos abraçamos. O que tem é a chamada arraia miúda, o pessoal quer tirar proveito.ZH – O senhor se sente excluído dentro do PMDB?Padilha – Não me sinto porque tenho participação objetiva em todos os movimentos do partido.ZH – Fogaça ou Rigotto para concorrer ao Piratini?Padilha – Aquele que o partido escolher para mim é o melhor. Qualquer um dos dois será o governador do Rio Grande do Sul se nós tivermos competência no processo. Fogaça será ótimo, e Rigotto será ótimo também.Por trás da brigaCOMANDO DO PMDBO bate-boca expôs uma disputa de mais de 10 anos- Desde 1994, quando se elegeu pela primeira vez deputado federal, Eliseu Padilha tenta se credenciar para presidir o PMDB estadual.- Seus planos esbarram no grupo dos chamados históricos – liderado por Pedro Simon e pelo prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer.PASSADO- Padilha ganhou projeção nacional quando se tornou, em 1997, ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique Cardoso.- Desde então, é criticado por peemedebistas gaúchos por se aliar nacionalmente ao grupo clientelista do PMDB.ELEIÇÕES 2010- Além de tentar tirar o partido das mãos de Simon, faz parte do projeto de Padilha articular no Estado a campanha de José Serra (PSDB) à Presidência e trabalhar para que José Fogaça seja o candidato ao Piratini, e não Germano Rigotto – como quer Simon.
Fonte:Zero Hora

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