Sem quórum, CPI da Corrupção não consegue aprovar novos depoimentos

Deputados da base aliada não compareceram à reunião extraordinária

Na reunião da CPI da Corrupção realizada nesta quarta-feira não puderam ser aprovados novos depoimentos para as próximas sessões da Comissão. Após ouvirem o depoimento do atual presidente do Detran, Sérgio Filomena, os deputados analisariam e votariam a ordem do dia, mas os parlamentares da base aliada não compareceram à reunião extraordinária convocada pela presidente Stela Farias (PT) e, sem o quórum necessário, os requerimentos não puderam ser votados.

Em seu depoimento, Filomena falou sobre questões ligadas à dívida de R$ 16 milhões que o departamento teria com a empresa Atento, que prestava serviços ao Detran até 1º de maio deste ano. A companhia era responsável pelo Centro de Remoção e Depósito e fazia remoção de veículos apreendidos e destinados aos depósitos. Segundo Filomena, o contrato da Atento com o Detran foi encerrado por iniciativa da empresa. Questionado sobre a dívida que a autarquia teria com a Atento, Filomena disse que não a reconhece.

— Esta dívida de R$ 16 milhões não está registrada no passivo do Detran. Desconheço como esse valor existe e jamais poderia processá-lo, reconhecê-lo e encaminhar pagamento sem ter embasamento próprio para isso — disse o presidente do departamento.

Após o depoimento de Filomena e a tentativa frustrada de aprovar novos requerimentos, os deputados da CPI ouviram o atual secretário-adjunto da Administração do Estado, Genilton Ribeiro. Segundo depoimento do ex-presidente do Detran Sérgio Buchmann, Ribeiro o teria pressionado para "calar a boca" sobre as irregularidades na autarquia. Ele foi chamado a prestar esclarecimentos na semana passada, mas, alegando problemas de saúde, não compareceu à sessão.

Ribeiro foi questionado a respeito de sua relação com o ex-presidente do Detran, uma vez que ele teria enviado uma nota a um jornalista dizendo que Buchmann era maluco e que o colocaria na cadeia. Ribeiro negou e afirmou não ter pedido a Buchmann para não falar sobre as irregularidades no Detran. Durante as indagações do deputado Gilmar Sossela (PDT), a presidente da Comissão precisou interromper o depoimento para advertir Ribeiro a respeito de orientações que ele estaria recebendo de seu advogado, presente na sessão.

Ribeiro disse que Buchmann é uma pessoa emocionalmente confusa e que teria mentido a respeito de algumas questões durante seu depoimento na CPI. O secretário-adjunto também afirmou que Buchmann deu informações diferentes sobre o mesmo assunto em depoimentos na CPI e no Ministério Público Federal sobre a investigação das irregularidades no Detran.

— Talvez a gente precisasse da ajuda de profissionais da psicologia para explicar o que motivou o senhor Buchmann a fazer o que fez — disse Ribeiro.

A sessão foi encerrada pouco antes das 2h.

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