Partidos articulam nomes para sucessão no governo estadual

Mesmo fora do Palácio Piratini, Germano Rigotto (PMDB) repete a façanha.
A um ano das eleições, o ex-governador está na mesma posição que ocupava em outubro de 2005, 12 meses antes do pleito de 2006: no centro do tabuleiro da sucessão estadual, mas sem saber que caminho seguir.
A indefinição no PMDB é a principal das peças desencaixadas no quebra-cabeças eleitoral gaúcho para o ano que vem.
Até o momento, PT e PSOL colocaram oficialmente candidatos na linha de largada.
A escolha antecipada do ministro da Justiça, Tarso Genro, é uma novidade entre os petistas, que tendiam a postergar a decisão até poucos meses antes da eleição por conta das brigas entre as correntes internas e, ainda assim, saíam rachados.
Tarso está na frente nas pesquisas e tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O desafio do PT, porém, segue o mesmo dos últimos anos: ampliar o leque de alianças para evitar o isolamento.
Os petistas trocam olhares com PDT e PTB, mas o namoro não é fácil nem com os aliados tradicionais PC do B e PSB. Depende dos movimentos do PMDB.
Em outubro de 2005, Rigotto tentava colocar de pé uma candidatura à Presidência, deixando um vácuo na disputa estadual e confundindo os aliados da base de seu governo.
Depois de idas e vindas, acabou disputando a reeleição, sem chegar ao segundo turno.
Em outubro de 2009, o ex-governador está numa encruzilhada entre concorrer a senador ou à cadeira que já ocupou no Piratini.
Novamente, eventuais aliados esperam uma definição no PMDB. Estratégia de Ciro muda cenário nacional A interlocutores, Rigotto diz que o partido nunca lhe pediu para concorrer ao Executivo novamente.
Por isso, vinha alimentando a ideia do Senado.
Isso abriu caminho para o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça. Segundo um interlocutor do prefeito, ele está “fardado” para disputar a sucessão da governadora Yeda Crusius, mesmo tendo de renunciar ao mandato em 3 de abril. Fogaça tem apoio de caciques peemedebistas, principalmente pela maior facilidade em costurar alianças.
Entretanto, dois fatores voltaram a animar Rigotto: seus bons índices em pesquisas, semelhantes aos de Fogaça, e a alta rejeição de Yeda.
O ex-governador quer evitar uma comparação entre sua gestão e a da tucana, que tem mais resultados na área administrativa.
A nota vermelha nas pesquisas é apenas um dos problemas da governadora. Yeda também enfrenta resistências do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), líder nos levantamentos para a sucessão de Lula.
Serra teme que as denúncias contra a governadora prejudiquem seu desempenho. O PTB, por sua vez, evita antecipar a decisão.
Isso porque consegue a proeza de se equilibrar na base dos governos Lula, Yeda e Fogaça ao mesmo tempo.
É cobiçado principalmente por PT e PMDB.
Os petistas, porém, fazem exigências: querem a saída do PTB do governo tucano antes de pensar em aliança.
Ao impor condições no lugar de fazer convites, o PT provoca reações negativas entre os petebistas.
Em comparação com o Rio Grande do Sul, o cenário nacional tem sido mais empolgante nas últimas semanas: a senadora Marina Silva (AC) pulou do PT para o PV para concorrer ao Palácio do Planalto, o deputado federal Ciro Gomes (PSB) trocou o domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo e a morna candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) preocupa os petistas.
O PSB tenta convencer Lula de que Ciro, com um vice do PDT, é um bom plano B em caso de naufrágio de Dilma.
Os petistas correm para fechar uma aliança nacional com o PMDB, como forma de turbinar a ministra.
Nos bastidores das legendas DEM O vice-governador Paulo Feijó mantém postura de concorrente.
De forma calculada, repete um forte discurso contra a corrupção e a favor da redução de impostos. Recebeu apoio dos eleitores quando divulgou a conversa com Cézar Busatto, então chefe da Casa Civil, mas enfrenta resistências no mundo político pelo mesmo fato. Outra possibilidade é Feijó concorrer a deputado estadual.
PDT Apesar de falar em candidatura própria, tem tendência a fechar aliança com PT ou com PMDB, principalmente se o candidato for Fogaça.
Com isso, a prefeitura ficaria com José Fortunati. Mas a participação no governo Lula forma outro polo de atração.
Há pedetistas que alegam não ter compromisso com Fogaça na disputa pelo Piratini e miram num longo casamento com o PT, envolvendo a briga pela prefeitura de Porto Alegre em 2012. PMDB Parte dos caciques aposta em Fogaça.
O prefeito teria mais facilidade para manter PDT e PTB como seus apoiadores, principalmente porque entregaria a prefeitura a Fortunati por quase dois anos.
Fogaça, porém, quer levar o clima de incerteza até abril para evitar desgastes.
Isso causa descontentamentos no partido.
O grupo de Rigotto defende uma definição ainda em 2009 por temer a perda de eventuais parceiros por conta da demora.
Há ainda uma ala que defende Fogaça para poder manter os cargos no governo Yeda por mais tempo.
PP Um dos principais aliados de Yeda.
Está no coração do governo, na Casa Civil. Mesmo assim, alguns líderes dizem não ter compromisso eleitoral com a tucana.
Esperam ser recebidos pelo governador José Serra (PSDB) para fazer uma proposta: abraçam a candidatura dele no Estado em troca do apoio do PSDB gaúcho a um progressista.
Serra evita receber o grupo.
PSB Representa uma novidade por conta da visibilidade da candidatura do deputado federal Ciro Gomes (SP) ao Planalto.
Colega de Ciro na Câmara, Beto Albuquerque quer se credenciar como quarta via no Estado e tenta costurar uma aliança com outras siglas, como PC do B, PP, PDT e PPS.
A ideia chama a atenção dos partidos melhor posicionados nas pesquisas, mas há quem aposte na dificuldade de reunir siglas com histórias tão diferentes e de elas chegarem a um consenso sobre a composição da chapa.
PSDB Com o provável arquivamento do pedido de impeachment na Assembleia, os tucanos acreditam que Yeda sairá fortalecida da onda de denúncias.
A alta rejeição nas pesquisas, porém, assusta.
A prioridade é recuperar a imagem dela e divulgar ações do governo.
A legenda espera manter PPS e PP durante a campanha e não acredita na saída antecipada de outros aliados por causa do peso dos cargos.
O PP tem cerca de mil cargos em comissão; PTB, cerca de 800; e PMDB, 500.
PSOL O vereador da Capital Pedro Ruas constrói sua candidatura apoiando-se em ações contra Yeda.
A deputada federal Luciana Genro até arrumou um apelido para Ruas: Doutor Impeachment.
PT Tem dois trunfos: saiu na frente ao lançar o primeiro pré-candidato a governador e vê Tarso Genro se posicionar como líder nas pesquisas.
Não foi maculado pelo escândalo do mensalão.
Convive com as suspeitas lançadas pelos adversários de que esteja por trás do vazamento de investigações da Polícia Federal. Tenta atrair PDT e PTB.

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