A Farra dos CCs

A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul vai receber logo após o recesso, em fevereiro, um projeto de lei hipócrita e com pouco uso prático. Após ser flagrado pagando um CC que ficava dentro de CTGs ao invés de estar dentro da Assembléia, o deputado Jerônimo Goergen (PP) quer ampliar o controle sobre os 657 cargos comissionados da casa.

Goergen alavancou o mal-estar em dezembro, quando um de seus CCs foi flagrado dando expediente na sede do Movimento Tradicionalista Gaúcho. O próprio deputado assume que o assessor raramente comparecia ao gabinete – seu trabalho era ficar entre os gaudérios fomentando “uma interação com o tradicionalismo”.

Reportagem publicada em um jornal do estado mostrou que a administração da Assembleia não tem controle sobre as atividades dos assessores de deputados, que representam 55% dos CCs da Casa. Isso porque parlamentares defendem que eles próprios devem gerenciar suas equipes: parte delas atuando fora do parlamento, no Interior ou em entidades, sem qualquer prestação de contas.

Sentindo-se bode expiatório da situação, Goergen foi ao Ministério Público de Contas discutir mudanças: o deputado quer restringir, para no máximo três, o número de assessores atuando fora do parlamento. Um projeto do parlamentar, incluindo relatórios mensais que informariam as atividades desempenhadas pelos CCs (veja quadro), será encaminhado à Casa no próximo mês.

O diretor-geral da ONG Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, tem restrições: "Tem que cuidar para não oficializar uma amoralidade. O sujeito dá expediente em uma casa de shows, o deputado escreve no relatório que estava “trabalhando pelo bem do Rio Grande”, e fica tudo oficializado".

As palavras do direto-geral da Transparência Brasil realmente falou tudo: ao invés de impor um controle sobre o número de CCs dos quais nós pagamos o salário, o deputado quer apenas institucionalizar a farra das nomeações. Se estivesse pensando no bem do Rio Grande, ao invés de pensar em 3 Assessores para trabalhar fora da Assembléia, iria limitar o número de cargos por deputado para esse trio.

Contudo, pensar apenas na classe é uma das principais doenças desses que deveriam pensar nos eleitores. Chega a ser ridícula a ação do nobre deputado que, após ser flagrado pagando um assessor para ficar nos MTGs, agorea quer dar uma de bonzinho.
Alguns podem até comprar a idéia mas, no fundo, será mais um caso onde a preocupação com o dinheiro alheio, dinheiro que sai dos nossos bolsos, é mínima.

por Rafael Limberge

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