Contratação de médica uruguaia gera protestos

Prefeitura de Santa Vitória do Palmar diz que não conseguiu candidatos brasileiros para o cargo

A contratação de uma médica uruguaia para trabalhar no atendimento da prefeitura de Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado, provoca protestos na cidade. Entidades médicas reclamam e apontam irregularidade na contratação. O município se defende e diz que teve de buscar profissionais no país vizinho por falta de candidatos brasileiros.

Formanda em medicina pela Universidade da República, em Montevidéu, a uruguaia Dinorá Yvone Boada, 52 anos, está há uma semana trabalhando no programa da saúde da família em Santa Vitória do Palmar. Ela deixou os plantões na cidade uruguaia do Chuy para trabalhar 40 horas semanais com um salário mensal de cerca de R$ 5 mil.

– Sempre fiz isso. Em Montevidéu e em outras cidades, trabalhava nesse tipo de atendimento. Não notei nenhuma restrição ao meu trabalho. Sei da necessidade de revalidar meu diploma aqui, mas isso é demorado e estou agilizando – explica Dinorá, referindo-se ao fato de que todo médico estrangeiro tem de passar por provas no Brasil, elaboradas por universidades federais, para poder exercer a profissão.

Para conseguir contratar a médica estrangeira, a prefeitura diz se basear em um acordo assinado pelos dois países em 2008, que libera o trabalho de estrangeiros em municípios localizados em uma faixa de fronteira de 20 quilômetros. Além disso, a secretária de Saúde do município, Vera Regina Neto, disse que a falta de candidatos brasileiros obrigou o município a buscar profissionais no país vizinho.

– Abrimos vagas no início do ano passado. Dois médicos brasileiros vieram, mas ficaram poucos meses. Como não tínhamos quem contratar, tivemos de resolver. O que não pode é deixar sem médico – explica.

A pescadora Carmem Rocha, 43 anos, recebe a visita de equipes médicas da prefeitura ao menos uma vez por mês. Ela diz não se importar com a nacionalidade do profissional desde que continue tendo atendimento.

Entidades médicas apontam irregularidades na contratação. Para o médico Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), a atitude da prefeitura é condenável. Segundo Mendes, exercer medicina em território nacional só é possível com revalidação do diploma e com o registro no Conselho de Medicina:

– Não é a primeira vez que se tenta contratar médico formado fora do país. O acordo entre os países permite alguma coisa, mas não revoga as normas de cada país.

O Simers vai analisar o caso e nos próximos dias deve acionar a prefeitura.

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