Do lado da oposição, apenas três nomes superaram o traço na
espontânea: dois tucanos, José Serra (4%) e Aécio Neves (3%), e uma
ex-presidenciável que está sem partido, Marina Silva (2%). Juntos, os demais
nomes citados somam 2%.
A taxa dos que não souberam dizer, espontaneamente, em quem
votariam para presidente se a eleição fosse hoje chegou a 39%. A eles se soma
1% de eleitores que não quiseram responder. Além desses, outros 4% disseram que
anulariam ou votariam em branco. Faltando dois anos para a eleição, o total de
44% de eleitores sem candidato é baixo, em comparação a outros pleitos.
Em fevereiro de 2010, oito meses antes de irem às urnas para
escolher o sucessor de Lula, 52% não tinham candidato na ponta da língua
(Ibope) - e outros 23% citavam o nome do então presidente, que era inelegível.
Na prática, só 1 a cada 4 eleitores sabia dizer, espontaneamente, o nome de um
candidato viável.
Hoje, segundo o mesmo Ibope, nada menos do que 55% dos
eleitores têm o nome de um presidenciável viável na ponta da língua - e 4 de
cada 5 desses eleitores citam Dilma ou Lula.
Vale lembrar que pesquisas eleitorais feitas com tanta
antecedência têm taxa de acerto menor do que as feitas mais perto da eleição
porque impõem um problema sobre o qual a maioria das pessoas não pensou a
respeito. Um ano antes da sucessão de 2010, Serra batia Dilma. No começo de
1994, Lula era favorito e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), uma especulação.
Muita coisa pode mudar no cenário eleitoral até os
brasileiros voltarem às urnas, em 2014: a economia pode esquentar ou esfriar
novos escândalos de corrupção podem aparecer, outros problemas e preocupações
podem afligir o eleitorado.
O que não muda é o fato de o Ibope mostrar que, em dois anos
de governo, Dilma deixou de ser um "poste" plantado por Lula, e
passou a ter luz própria. O fato de ela liderar sozinha na pesquisa espontânea
mostra que seu desempenho no cargo a transformou em candidata natural à própria
sucessão, independentemente de Lula.
A presidente é mais citada espontaneamente no Nordeste
(31%), na classe C (27%), nas cidades com menos de 100 mil habitantes, por
jovens de 16 a 24 anos (31%), por quem tem escolaridade intermediária (29%
entre quem cursou até da 5.ª à 8.ª série). Lula vai melhor entre os mais velhos
e entre os mais pobres.
O Ibope entrevistou 2.002 eleitores em 143 municípios entre
8 e 12 de novembro. A margem de erro máxima é de dois pontos porcentuais, para
mais ou para menos. As três perguntas sobre sucessão foram inclusas em um
questionário mais amplo, que pesquisa assuntos diversos a cada mês e é chamado
de "bus" pelo Ibope. Clientes pagam para incluir perguntas no
"bus". As questões eleitorais foram incluídas por iniciativa do
próprio Ibope, que bancou seu custo.
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