Rose, a “mulher de Lula na Presidência”, conseguiu
falsificar diploma de ex-marido no MEC para que ele fosse nomeado para
seguradora do Banco do Brasil
As trocas de favores entre a ex-chefe de gabinete da
Presidência da República, Rosemary Nóvoa de Noronha, a Rose, e o ex-diretor da
Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira, foram muito além das
indicações de cargos. Ela costumava usar os serviços de seus afilhados
políticos para resolver problemas pessoais, como o divórcio e a pensão do atual
marido e o diploma de curso superior para o ex-marido, José Cláudio Noronha, de
quem ela ainda herda o sobrenome.
Segundo trechos obtidos por VEJA da investigação que
deflagrou a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, Rose e Vieira trocaram
dezenas de e-mails em 2009 sobre o tema identificado como “diploma para o JCN”
– sigla que ela usava para se referir ao ex nas mensagens. A ex-chefe de
gabinete queria indicar o pai de suas duas filhas a uma vaga na Aliança do
Brasil Seguros – a seguradora do Banco do Brasil, posteriormente rebatizada
como BB Seguros. Noronha, que trabalha como assessor especial na
Superintendência da Infraero em São Paulo, não cursou faculdade e, por
proibição regimental, não poderia assumir cargo na empresa. Ciente do
obstáculo, Rose não se intimidou. Procurou Vieira para conseguir um certificado
falso que permitisse ao marido abocanhar a vaga de suplente no conselho de
administração da Aliança, o que já lhe garantiria uma polpuda remuneração.
“Graças a Deus saiu o que eu esperava. Preciso do diploma
urgente. Para adiantar, tenho que colocar no currículo a formação. Qual é o
nome?”, questionou a ex-chefe de gabinete do governo petista em e-mail enviado
a Paulo em 4 de maio de 2009. Segundo o inquérito, o que Rose tanto esperava
era a vaga para seu ex-marido. Ela, aparentemente, demonstrava total
desconhecimento do título que Claudio receberia – afinal o que lhe interessava
era apenas o papel que lhe permitiria dar prosseguimento à negociação para
sacramentar a indicação. No passo seguinte, coube ao ex-diretor da ANA não
apenas forjar o diploma como também obter o reconhecimento oficial do
Ministério da Educação (MEC).
Dois meses depois, após seguidas súplicas envidas via e-mail
por Rose – muitas delas escritas em letras garrafais –, o diretor da ANA
respondeu: “Desculpe só responder agora. É que fiquei muito gripado e o pessoal
do MEC tá (sic) dando muito trabalho. Quanto ao JCN, não se preocupe. Essa
questão está resolvida. Os documentos devem chegar a qualquer momento”, disse
Paulo Vieira, que é apontado pela PF como o chefe da quadrilha que comprava
relatórios de funcionários públicos para favorecer empresas privadas.
A demora em receber o diploma prosseguiu por mais quatro
meses – período em que Rose cobrou e questionou Vieira de forma incansável. Em
novembro daquele mesmo ano, para alívio da ex-chefe de gabinete, o documento foi
finalmente registrado pelo MEC. Como resultado, o ex-marido de Rose acabara de
ganhar um título oficial de Bacharel em Administração de Empresas. Em setembro
de 2010, a nomeação de Noronha na Aliança do Brasil foi publicada no Diário
Oficial da União (DOU). Como era usual em seus e-mails, Rose agradeceu com um
“Finalmente! Obrigada!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentario, sua colaboração é muito importante para nós.